Esta atividade faz parte das comemorações que marcam o 17 de abril, dia de luta pela Reforma Agrária.
As 200 pessoas que participam das dez equipes da Brigada são ex-cortadores de cana que hoje são assentados da reforma agrária na Zona da Mata norte. A programação da brigada conta com visitas aos bairros onde moram os/as trabalhadores/as, às igrejas e aos sindicatos para fazer conversas e distribuir o material da campanha “De olho aberto para não virar escravo”. À noite será exibido o filme Bagaço, produzido pela CPT e pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.
A Brigada, que tem entre seus objetivos organizar os/as trabalhadores/as para exigir Reforma Agrária, emprego e políticas públicas, pretende também abarcar a discussão de várias temáticas como a violação dos direitos trabalhistas, as formas de cobrá-los e um novo modelo de desenvolvimento para Zona da Mata de Pernambuco, fundamentado na partilha da terra com a realização da reforma agrária para produção de alimentos. A brigada pretende também alertar para a super-exploração e a situação de trabalho análogo ao escravo, que sofrem os/as trabalhadores/as da cana-de-açúcar e do álcool em Pernambuco e também os riscos que correm os/as cortadores/as que migram para o Mato Grosso, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Goiás em busca de trabalhar na safra dos outros estados.
Além da discussão com os/as trabalhadores/as, este projeto pretende também chamar atenção da sociedade para os problemas que historicamente marcaram a Zona da Mata e que podem ser ainda mais desastrosos com a expansão da cana-de-açúcar prevista nos programas de biocombustível e nos acordos firmados entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos.
Contexto zona da mata: Historicamente, a Zona da Mata de Pernambuco, é marcada pela monocultura da cana-de-açúcar, pela exploração da mão-de-obra e pela devastação do meio ambiente, as duas últimas, ligadas ao modelo de produção do açúcar e do álcool em nosso Estado.
A atividade sucro-alcooleira em Pernambuco e no Nordeste como um todo, possui um histórico secular de violações aos direitos humanos - em todas as suas dimensões - de concentração fundiária, de concentração de renda e de geração de alguns dos piores indicadores mundiais na questão social. O cenário atual aponta para profundas preocupações com a retomada dos investimentos no plantio de cana, sinalizando para uma nova expansão do modelo concentrador através de elevados investimentos na atividade do plantio e na implantação de novas indústrias e ampliação das existentes, agravando os sérios impactos negativos na situação dos trabalhadores rurais e no meio-ambiente.
Na safra, os trabalhadores recebem baixos salários e, na maioria das vezes, sem carteira assinada e sem nenhum beneficio social. Na entressafra, milhares de trabalhadores migram pra regiões sudeste e centro oeste para serem submetidos à escravidão como vem sendo comprovado pelo Ministério Público de São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Rio de Janeiro.