Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

A experiência da guardiã de sementes Ana Gomes e do grupo de mulheres Semente da Terra da comunidade Prof. Maurício de Oliveira, em Assu (RN), farão parte do 10º capítulo da série BRavas Mulheres, realizada pela produtora de audiovisual de impacto socioambiental Okê Arô.

Idealizada e dirigida pela documentarista Andrea Marranquiel, com apresentação de Letícia Sabatella, a série documental de gênero apresenta mulheres públicas e urbanas que “encaram 6 mil km pilotando seus 4x4 em busca de histórias de mulheres anônimas que superam a misoginia e as desigualdades e protagonizam histórias de superação em aldeias, quilombos e vilarejos nesse país feito de BRavas Mulheres”, conforme a sinopse oficial. Ao todo, terá 10 episódios de 26 minutos cada.

As mulheres do assentamento Prof. Maurício de Oliveira, acompanhado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), receberam a equipe do projeto no último sábado, 22 de abril.

Segundo Hilberlândia Andrade, agente pastoral da CPT em Mossoró (RN), as mulheres da cidade pesquisaram bravas mulheres e encontraram Ana das Sementes, que coleta sementes na mata, produz mudas de árvores nativas e plantas medicinais, mantém um quintal produtivo e integra o grupo Semente da Terra com companheiras da comunidade.

A gravação começou na área coletiva do grupo de mulheres, onde houve um momento místico e a captação de imagens das camponesas plantando o algodão, milho e feijão em consórcio agroecológico. Após as filmagens nas roças, a equipe de BRavas Mulheres seguiu para dois domicílios, visitou o quintal e o viveiro de mudas de Ana Maria da Silva Gomes.

Ana relatou que as mulheres da série pegaram nas sementes e questionaram como ela desenvolvia seu trabalho e tirava seu sustento dali. Para a guardiã, a troca de experiências motiva sua atuação. “Foi gratificante falar sobre as sementes crioulas e nativas da mata. No momento que eu começo a falar sobre as sementes, isso me deixa com mais energia e com mais força de vontade para trabalhar junto com o grupo de mulheres também”, disse.

A agricultora ficou muito grata por ter recebido a atriz Letícia Sabatella nos quintais da comunidade. “Para nós foi um desafio e um saber que só fez enriquecer cada vez mais para a gente crescer e desenvolver esse trabalho nos nossos quintais. Quando a gente fala da semente é o mesmo que falar em vida. Elas viram a maneira que nós trabalhamos de forma associada para cuidar das sementes crioulas e nativas e, em conjunto, produzir o algodão. Elas estão de parabéns e eu estou muito feliz. Não tenho nem palavras para descrever!”.

A gravação foi encerrada no quintal e na casa de Samara Rejane dos Santos Alencar. Lá as mulheres da cidade observaram o fogão ecológico e degustaram alimentos cozinhados nele.

“Mostrei para elas que aquele fogão era um sonho de mulheres guerreiras, de mulheres batalhadoras”, disse Samara Rejane, coordenadora do grupo de mulheres Semente da Terra, a respeito do fogão ecológico construído a partir de um intercâmbio promovido pela CPT.

A camponesa contou que foi uma honra apresentar a vida das mulheres da comunidade. Ela não escondeu a emoção em ter acolhido a equipe da série: “Para mim aquele dia foi – eu não sei nem como dizer – eu ainda estou sonhando que aquele dia aconteceu aqui no assentamento Prof. Maurício de Oliveira. Foi uma satisfação. Eu estou, assim, maravilhada, apaixonada, por aquela equipe de BRavas Mulheres!”.

 

BRavas Mulheres

BRavas Mulheres é um projeto de produção audiovisual em que mulheres do meio urbano entrevistam mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes com intuito de fomentar a visibilidade, o reconhecimento e o fortalecimento de suas histórias de superação. A série documental está em fase de execução. Em breve, a estreia será divulgada.

A mulherada da cidade partiu de Salvador até o município de Riachão de Jacuípe (BA) e seguiu estrada afora com paradas em Poço Redondo (SE), Iguaraci e Itapetim (PE), Vale do Jequitinhonha, Berilo e Minas Novas (MG), Curitiba (PR), Palhoça (SC), Bayeux (PB) e, por fim, Caicó, Mossoró, Assu e Natal (RN).

O primeiro episódio mostrou a comunidade de Mandassaia, formada por 78 domicílios rurais, em Riachão de Jacuípe (BA). Lá as mulheres urbanas conheceram a Associação de Produtoras da localidade.

No segundo episódio, elas seguiram para o Quilombo da Dona Zefa, em Poço Redondo (SE). No terceiro, em Iguaraci (PE), visitariam apenas uma fábrica de sabonete líquido de aroeira, mas terminaram indo além e conhecendo também a Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú.

Já no quarto episódio, a série foi à Itapetim (PE) e conheceu as mulheres da Gameleira, que cuidam da água e das plantas da caatinga. Depois, no quinto, foram até o Vale do Jequitinhonha (MG) para uma imersão no Vale das Mulheres. Na localidade, as mulheres usam o artesanato para mudar os contornos do local.

No sexto episódio, em Berilo e Minas Novas (MG), conheceram o singelo ofício das tecelãs, com seus teares manuais que tecem algodão colorido com tintas naturais e a ancestral produção de cerâmica utilitária.

No sétimo episódio, em Curitiba (PR), vivenciaram o Sagrado Indígena com Jovina Kaingang e a cura da terra. No oitavo, em Palhoça (SC), conheceram a Aldeia Itaty e a cacica Kerexu Guarani. No nono, em Bayeux (PB), encontraram com a primeira Mãe de Santo travesti da Paraíba e miss gay do Nordeste.

Por fim, em Caicó, Mossoró, Assu e Natal (RN), as mulheres conheceram o bordado característico da região e o cuidado com as sementes crioulas e nativas.

 

 

Fotos: Ana Flávia Fernandes

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Rua Esperanto, 490, Ilha do Leite, CEP: 50070-390 – RECIFE – PE

Fone: (81) 3231-4445 E-mail: cpt@cptne2.org.br