Agricultores e agricultoras familiares do engenho Roncardozinho, situado em Barreiros, deram mais um passo importante rumo à desapropriação das terras em que vivem. Após mobilização realizada na manhã de hoje, 12, na sede do Instituto de Terras de Pernambuco (Iterpe), no Recife, com a participação de cerca de 100 camponeses e camponesas, o Governador Paulo Câmara garantiu que até a próxima sexta-feira, 16, vai liberar os recursos necessários para ajuizar a ação de desapropriação do imóvel rural. O decreto de desapropriação da área foi publicado no Diário Oficial do Estado em agosto de 2022, porém o processo ficou paralisado em razão da falta de recursos no Iterpe, conforme alega o Instituto.
O anúncio foi feito pelo governador por telefone enquanto uma comissão de agricultores(as) da comunidade se reunia com representantes do Instituto para buscar soluções ao impasse. A CPT acompanhou a mobilização das famílias junto a Fetape, o MST, o Deputado Doriel Barros, além de sindicatos rurais de Barreiros, Jaqueira e Tamandaré. O engenho Roncadorzinho tem sido vítima da violência dos conflitos agrários. Em fevereiro desse ano, o menino Jonatas Oliveira, de 9 anos, foi assassinado dentro de casa, quando estava com o pai, uma liderança local da comunidade.
Durante a mobilização, as famílias também cobraram a resolução de conflitos de terra similares em outras camponesas da região. São mais de 1.500 famílias agricultoras posseiras na Zona da Mata Sul de Pernambuco que estão enfrentando, neste momento, ameaças de despejo. Avanços como o obtidos na manhã de hoje fortalecem a esperança por direitos e, conforme ressalta o agente pastoral da CPT Plácido Junior, são também fruto da luta articulada contra a violência no campo, que se agravou na região há mais de três anos, especialmente durante a pandemia. Por isso, a mobilização e a luta pela permanência na terra vão continuar até que todas as famílias ameaçadas de despejo na região tenham efetivado o seu direito à terra.
Imagens: Setor de comunicação da CPT NE2
