Os graves e recorrentes conflitos agrários na Mata Sul de Pernambuco foram novamente denunciados para a Organização das Nações Unidas (ONU) esta semana. Desta vez, as denúncias foram encaminhadas pelo mandato das Codeputadas Juntas e pela Bancada do Psol na Câmara Federal para quatro relatorias da ONU - sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias; sobre a Situação dos Defensores de Direitos Humanos; sobre o Direito à Liberdade de Reunião Pacífica e de Associação; e sobre Moradia Adequada como Componente do Direito.
Em agosto de 2021, a CPT, a Fian Brasil e a Fian Internacional haviam encaminhado denúncia para a Relatoria Especial das Nações Unidas para substâncias tóxicas e direitos humanos, alertando sobre o uso de agrotóxico como arma contra comunidades da Mata Sul de Pernambuco.
A CPT registra anualmente os episódios de violência no campo em todo o Brasil e vem alertando os desmandos comandados por empresários, usineiros, milícias privadas e capangas contra milhares de famílias camponesas posseiras da Mata Sul. Os dados coletados por nós da CPT, ainda em 2020, já anunciavam a escalada da crueldade contra os povos do campo, especialmente nessa região. O número de ameaças de morte registradas em Pernambuco aumentou 800% entre 2019 e 2020, atingindo o maior número em 35 anos de registro de conflitos feito pela CPT. Das 36 pessoas ameaçadas de morte em Pernambuco, 20 vivem na Mata Sul. Só em 2020, foram registrados 103 casos de conflitos fundiários do estado, afetando 37.136 pessoas, o que representa uma média diária de um conflito a cada 3,5 dias.
Com informações da @juntascodeputadas