Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Famílias camponesas da comunidade do Engenho Barro Branco, em Jaqueira (PE), Mata Sul de Pernambuco, relatam que na manhã de hoje (12) foram surpreendidas com várias cabeça de gado pertencentes à empresa Agropecuária Mata Sul S/A em lavouras de agricultores da comunidade. Com o pisoteio dos animais, plantações e fontes de água estão sendo prejudicadas. Em função das cercas de algumas famílias terem sido destruídas pela empresa anteriormente, não há contenção física para o gado.

A comunidade de Barro Branco é formada por cerca de 200 famílias, antigas moradoras do Engenho que vivem e produzem alimentos no local há mais de setenta anos. Desde 2013 reivindicam o reconhecimento de suas posses junto a órgãos Federais e estaduais. As terras são de uma antiga usina, a Frei Caneca, que paralisou suas atividades há alguns anos deixando dívidas trabalhistas e também junto à União e ao estado. Além de Barro Branco, outras comunidades vizinhas enfrentam a mesma luta: Fervedouro, Laranjeiras, Caixa D’água, Várzea Velha, entre outras.

Há cerca de três anos, a área foi arrendada para a empresa Agropecuária Mata Sul, ampliando o conflito fundiário na localidade. Desde que a empresa chegou à área,  as comunidades relatam situações de intimidações, destruições e queimadas de lavouras, destruição de fontes d'água, ameaças e perseguições, além de esbulho de suas posses. Essa  prática - introdução de gado em terras de famílias camponesas - tem sido recorrente em áreas de conflito fundiário na Mata Sul de Pernambuco. A região tem enfrentando o advento da atividade agropecuária em locais antes dominados pela atividade sucroalcooleira, o que vem afetando milhares de famílias moradoras dos Engenhos e credoras de usinas, que há anos reivindicam o direito de permanecerem nas terras.  

 

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