Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Em vídeo, um dos camponeses da comunidade do Engenho Batateiras, Maraial (PE), revela a situação de violência e de conflito fundiário no local e faz um apelo para que o Poder Judiciário atue de forma célere para evitar mortes. “A justiça está muito lenta, que ela tome providências, porque ele mesmo [empresário]  já disse: essa ‘justicinha’ de vocês quando resolver é dez, doze anos’. Venham ligeiro socorrer a gente”, alerta.

 

Assista ao vídeo: https://www.instagram.com/p/CJbEUo9DvVj/

Na segunda feira (28), um grupo de agricultores e agricultoras da comunidade registrou Boletins de Ocorrência (BOs) na delegacia do município de Maraial. Foram comunicados diferentes tipos de ações violentas atribuídas ao empresário Walmer Almeida da Silva e aos seus funcionários, todas ocorridas na véspera de Natal, 24 de dezembro. Além dos Boletins de Ocorrências, foi realizada a oitiva de parte do grupo. De acordo com os documentos, o empresário e seus funcionários proferiram ameaças a diferentes moradores da comunidade durante aquele dia. Também foi registrada a ocorrência de perseguições, seguida de ameaças com disparos de armas de fogo por parte de capangas do empresário. Ainda segundo os BOs, os funcionários de Walmer Almeida da Silva também agrediram fisicamente dois agricultores, enquanto estes estavam ajoelhados sob a mira de armas de fogo.

A comunidade, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (FETAPE) alertam as autoridades e o Poder Judiciário sobre a gravidade do conflito fundiário instaurado no local após tais episódios. Dados da violência no campo, coletados desde 1985 pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno, da CPT, revelam que os assassinatos ocorridos em conflitos fundiários geralmente vieram precedidos de ameaças de morte. Essas mortes anunciadas poderiam ter sido evitadas se a justiça e as autoridades atuassem de forma célere e comprometida com a vida de mulheres e homens do campo. A comunidade reivindica que Poder Judiciário aja de forma imediata para que o conflito não evolua para mais um assassinato no campo.

Os episódios de violência no local são denunciados pela comunidade desde o mês de julho, quando o empresário chegou ao local, afirmando ser o novo dono das terras em que as famílias vivem há gerações. Durante esse período, diversas ações foram judicializadas pelos agricultores/as, com pedidos liminares de proteção às suas vidas e aos seus direitos, os quais ainda não foram decididos. O conflito também vem sendo denunciado para a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, para a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, para o Ministério Público, além de outros órgãos estaduais. Encontram-se em situação de risco, além das famílias camponesas,  agentes do próprio Estado, que já revelaram não se sentirem seguros/as quando realizam diligências no local, além de integrantes de organizações sociais que acompanham o conflito in loco.

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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