Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O Projeto Nova Cartografia Social lançou boletim informativo sobre os impactos que os Povos e Comunidades Tradicionais de Itacuruba podem sofrer após a implantação de um Complexo Nuclear de 06 reatores em seu município. O documento intitulado “Resistimos para existir: dizemos não à usina nuclear no São Francisco” foi construído com as comunidades e povos tradicionais de Itacuruba e com o apoio da CPT-NEII e do CIMI-NE além de outras entidades que compõe a Articulação Sertão Antinuclear.

 

Trata-se de manifestação acerca do Projeto Central Nuclear do Nordeste, realizado pela Eletrobrás/Eletronuclear com a finalidade de construir um complexo composto por 06 usinas nucleares às Margens do São Francisco, no município de Itacuruba, Sertão de Itaparica, Pernambuco. Embora representantes do governo anunciem que os estudos de viabilidade para construção do projeto estejam concluídos, tais documentos não foram apresentados à população local e sequer houve qualquer protocolo de consulta, com base na Convenção nº 169 da OIT, aos 06 povos tradicionais existentes no município (3 comunidades quilombolas e 3 povos indígenas).

 

Diante disso, os Povos e Comunidades tradicionais denunciam e refutam o megaprojeto, demonstrando forte mobilização popular e resistência à sua implantação na localidade e em qualquer outro ponto do Rio São Francisco.

 

"Nós, Pankará do Serrote dos Campos, somos contra a Usina Nuclear. É uma luta que viemos travando desde 2011, de dizer que somos contra, que não aceitamos a instalação de uma Central Nuclear em Itacuruba, pois a udina nuclear sendo instalada em Itacuruba irá impactar diretamente os territórios Pankará e de outras comunidades de Itacuruba. O homem branco, o capitalista, não compreende a importância que o Rio São Francisco e o território sagrado tem para nós povos indígenas, para o meu povo Pankará de Serrote dos Campos. Nos compreendemos que hoje, debaixo daquelas águas, está nossa história, está os nossos ancestrais que foram coberto por aquelas águas do Rio São Francisco depois de [construírem a barragem de] Itaparica. Então nós vamos continuar nessa luta, firme e forte dizendo que somos contra a instalação da Central Nuclear em Itacuruba! E dizendo sim à vida, a tudo o que é ser vivo que compõe a nossa caatinga, em especial no nosso sagrado, e ao nosso Opará, o nosso Rio-mar, local de morada dos nossos encantado" - declarou Lucélia Pankará, cacica do povo indígena Pankará do Serrote dos Campos, situada em Itacuruba.

 

Os povos informam já terem sido impactados pela construção da Barragem de Itaparica, que inundou parte das terras do município e afetou sobremaneira a vida e tradicionalidade dessas populações. Apontam ainda a falta de transparência do projeto e a desnecessidade de desenvolvimento desta matriz energética diante do grande potencial de produção de energia fotovoltaica e eólica da região, sempre com a preocupação com os impactos socioambientais.

 

“Nós da região de Itaparica, por exemplo, estamos aí no sofrimento tentando resgatar tudo aquilo que a gente perdeu. Quando a gente tinha os terreiros da gente (...), os mais velhos, nossas ilhas, nossos plantios. A barragem de Itaparica acabou tudo. As pessoas foram ameaçadas” – afirmou dona Valdeci Ana dos Santos Nascimento, liderança da Comunidade Quilombola de Poço dos Cavalos.

 

Link do boletim - http://novacartografiasocial.com.br/download/01-resistimos-para-existir-dizemos-nao-a-usina-nuclear-no-sao-francisco/

 

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