Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

 

A Comissão Pastoral da Terra participou na tarde dessa última terça-feira, 21/02, do Seminário "A atualidade da questão agrária em Pernambuco", realizado pelo Núcleo de Agroecologia e Campesinato (NAC) e pelo Núcleo Feminismo e Ruralidades da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Dezenas de estudantes estiveram presentes para refletir com a CPT as principais questões presentes no debate sobre o campo e também sobre o papel da Universidade junto às comunidades camponesas.

As análises e debates partiram das várias experiências concretas de luta pela terra e território no estado de Pernambuco, como: o conflito entre antigos posseiros do Engenho Una e a Usina Bulhões, falida, no município de Moreno; o conflito no município de Sirinhaém, localizado na zona da mata pernambucana, envolvendo uma comunidade de pescadores e pescadoras artesanais e a Usina Trapiche; o conflito entre a comunidade quilombola de Castainho contra fazendeiros e empresas imobiliárias, no município de Garanhuns, agreste do estado; e o conflito envolvendo as comunidades quilombolas Negros do Gilú e Poço dos Cavalos e o povo Pankará Serrote dos Campos que encontram-se em luta para defender seus territórios contra a instalação de uma Usina Nuclear.

Plácido Júnior, geógrafo e agente pastoral, representou a CPT no debate. Para ele "a questão agrária vai além da luta pela terra. À questão agrária deve ser incorporado o sentido de estar na Terra, que se expressa através das lutas territoriais e que nos faz pensar/agir sobre outras relações com as pessoas e com a natureza. Quem apresenta essa contribuição à questão agrária são as comunidades de pescadores e pescadoras artesanais, as comunidades quilombolas, os posseios e os povos indígenas", afirma.

Durante o debate, os/as estudantes sentiram-se estimulados a refletir sobre o papel da Universidade no contexto de conflitos agrários no estado de Pernambuco. Na discussão, explicitou-se "o despreparo da Universidade em dialogar com os diversos sabares dos povos do campo e a imposição de uma lógica de mercado que atende ao sistema capitalista. A sociedade, incluindo as universidades, estão seguindo uma lógica consumista e individualista que precisa ser rompida para abrir caminhos a outros processos civilizatórios. Para isso, as comunidades e povos do campo podem ajudar" conclui.

Apresentação de relatório sobre violações de direitos humanos em Sirinhaém - Na ocasião, foi apresentada aos estudantes o relatório "Morrer de fome um pouco por dia - Impactos aos direitos humanos causados pela Usina Trapiche à comunidade pesqueira no município de Sirinhaém/PE". O estudo, que contou com o apoio da OXFAM, apresenta as principais violações de direitos humanos sofridas pela comunidade de pescadores artesanais e extrativistas costeiros marinhos que vivia nas ilhas de Sirinhaém, localizadas no município de mesmo nome, litoral sul do estado de Pernambuco. O conflito ocorreu com a Usina Trapiche, uma das maiores do estado de Pernambuco e fornecedora de açúcar para grandes multinacionais, como a Coca-Cola e Pepsi Co. A pesquisa encontra-se disponível na internet através do link:

https://www.cptnacional.org.br/index.php/publicacoes/noticias/cpt/3476-cpt-ne-2-lanca-relatorio-sobre-impactos-aos-direitos-humanos-causados-pela-usina-trapiche-a-comunidade-tradicional-em-sirinhaem-pe%E2%80%8B

Imagens: Laetícia Jalil

 

 

 

 

 

 

 

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