Provocada pela tramitação de uma lei que pretende proibir o glifosato, princípio ativo do Roundup, a empresa Monsanto participou da reunião da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEP), na última terça-feira (18), para apresentar as vantagens de se utilizar os agrotóxicos, defender os transgênicos e propalar os benefícios promovidos pela sua unidade de pesquisa, localizada em Petrolina, sertão do estado.
Ao começar a sua apresentação, Andrea Aragon, gerente de assuntos corporativos da Monsanto, foi surpreendida pela abertura de duas faixas, uma das quais exibia a frase "Fora Monsanto".
Sob pressão, Aragon se atrapalhou inúmeras vezes, e distorceu informações sobre a classificação de potencial cancerígeno do glifosato, sendo prontamente corrigida e repreendida pelo deputado Rodrigo Novaes, ao qual respondeu constrangida: "me perdoa o equívoco".
O público presente na audiência eram representantes do MST, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), Levante Popular da Juventude (LPJ), estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), pesquisadores/as e representantes de diversas entidades da sociedade civil, e por duas vezes foi solicitado ao presidente da sessão, deputado Miguel Coelho, a liberação da entrada de militantes do MST que haviam sido barrados na portaria da ALEP.
Após a fala da Monsanto e dos deputados, foi aberta a participação do público presente. Mesmo com o número limitado de seis inscrições, a Monsanto foi surpreendida pelas contra informações.
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Os representantes da Monsanto, Pedro Palatinik e Andrea Aragon.
Os participantes lembraram que é a agricultura familiar que alimenta o povo brasileiro; que o glifosato comprovadamente causa câncer, mal de alzheimer, parkinson e outras doenças; que as sementes transgênicas já estão proibidas em vários países e aumentam o uso dos agrotóxicos, contaminando ainda mais o solo e as águas.
Revoltado com a empresa, o sr. João de Ronda, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Pombos, durante a sua fala apresentou dois agricultores contaminados pelo roundup.
Incapaz de argumentar, a Monsanto apelou para a desqualificação das pesquisas e instituições que tem cada vez mais comprovado o risco dos agrotóxicos e, especialmente, do glifosato.
Pedro Palatinik, também da Monsanto, disse que o posicionamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA) sobre os agrotóxicos não tinha fundamentação científica: "é só uma carta de três páginas". Outro alvo da Monsanto foi a Fiocruz. Palatinik acusou pessoalmente uma pesquisadora da instituição de "fazer provocações na Anvisa".
Pernambuco pode se tornar o primeiro estado brasileiro livre do glifosato, e portanto do roundup, que é o principal agrotóxico comercializado pela Monsanto. Os movimentos sociais disseram que seguirão em luta pelo banimento de todos os agrotóxicos, e gritaram que "a saúde do povo brasileiro vale mais do que os milhões da Monsanto".