Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Cerca de 400 mulheres da Via Campesina em Pernambuco ocupam, na manhã desta terça-feira, a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na Avenida Rosa e Silva. Elas protestam contra as paralisações das vistorias, desapropriações e em defesa da reforma agrária. A previsão é de que as camponesas permaneçam no Incra durante toda a manhã. À tarde, elas seguirão em marcha pelas ruas de Recife, com paradas em outros pontos estratégicos da cidade.

 

O ato faz parte do dia de lutas e manifestações que integram a Jornada Nacional de luta das mulheres camponesas, realizada todos os anos no mês de março. Este ano, a jornada tem como lema "Mulheres Sem Terra na luta contra o capital e pela Reforma Agrária Popular".

Além do Recife, a jornada também acontece em outras cidades da zona da mata, agreste e sertão do estado. Desde a sexta-feira passada, as trabalhadoras realizam mobilizações. Em Petrolândia, cerca de 200 mulheres do MST ocuparam vários órgãos públicos do município de Petrolândia, INSS, Delegacia de Políciae a Celpe, na região Sertão de Itaparica há 462 km da capital pernambucana.  

Ontem, trezentas mulheres Sem Terra ocuparam a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), em Petrolina, Sertão do estado, e mais 250 mulheres marcharam em protesto nas ruas do município de Orocó, região Médio São Francisco.

Este ano, a Jornada Nacional das Mulheres da Via Campesina tem como objetivo denunciar o capital estrangeiro na agricultura e chamar a atenção da sociedade para o modelo destrutivo do agronegócio, que ameaça tanto o meio ambiente quanto a soberania alimentar e a vida da população brasileira. Outro objetivo da jornada em Pernambuco é denunciar as ações de violências praticadas contra as mulheres, além da criminalização das lutas populares e da violência que as populações do campo vêm sofrendo em suas lutas pela conquista da terra e do território.

A jornada denuncia os milhares de trabalhadores rurais sem terra e de famílias camponesas, vitimas das ações de violência do estado e do latifúndio. De acordo com a Via Campsina, nos últimos 20 anos, quarenta e oito pessoas foram assassinadas em conflitos agrários, envolvendo altos índices de famílias despejadas, expulsas de suas terras com agressões, perseguições, prisões e ameaças de morte, sendo que a maioria dos casos de violência contra os camponeses e camponesas sequer chegam a ser julgados pela Justiça. Só em 2013, de acordo com dados parciais da Comissão Pastoral da Terra (CPT), foram mais de 10 mil famílias envolvidas em situações conflitos agrários no estado.

Fonte: Diário de Pernambuco online, 11-03-14

 

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