Por volta das 19h de hoje (03/12), a Usina Trapiche – através de sua funcionária Evânia Freire da Silva e cinco seguranças privados – destruiu novamente a barraca de palha de pescadora tradicional situada nas proximidades do manguezal do estuário do Rio Sirinhaém, localizado no município de mesmo nome, em Pernambuco. A denúncia foi encaminhada à Comissão Pastoral da Terra pela pescadora Maria de Nazareth minutos depois do ocorrido. Esta é a segunda vez em menos de uma semana que funcionários da Usina Trapiche destroem a barraca de pesca da trabalhadora.
De acordo com a denúncia, o grupo chegou nas Ilhas de Sirinhaém - território tradicional da pesca artesanal – portando armas de fogo, facões e ainda uma motosserra. Na ocasião, estavam presentes no local, além da pescadora Nazareth, a sua irmã e uma criança de seis anos. “Tirem essa desgraça daí: foi o que os seguranças disseram para a criança. Mas ela viu tudo, os seguranças mostraram as armas de fogo, os facões, eles destruíram o barraco todo. Foi um desespero”, comentou a pescadora.
A barraca de palha que estava localizada próximo ao mangue, servia como um apoio para a pescadora desempenhar a atividade pesqueira no estuário, guardar a pesca e os instrumentos de trabalho. A estrutura improvisada também servia como abrigo para o sol, chuva e para aguardar o intervalo das marés. No último sábado, dia 30/11, os funcionários da Usina e a Sra. Evânia Freire, destruíram e tocaram fogo na barraca de palha, mas a pescadora não se intimidou com a ação violenta feita a mando da Usina Trapiche e refez a estrutura que servia de apoio para a atividade pesqueira.
Ameaçar, destruir e tocar fogo nos pertences dos pescadores tradicionais da região é uma prática frequente utilizada pela administração da Usina Trapiche. No ano passado, a pescadora já havia denunciado à Justiça local destruição de barracas de pescadores tradicionais. Mas mesmo sendo levado ao conhecimento destas instâncias, a Usina não se sentiu inibida em protagonizar ações de violência e o fato torna-se a repetir.
Desde a década de 1980, a área em questão, as Ilhas de Sirinhaém, é palco de um conflito territorial que envolve uma comunidade de pescadores tradicionais e a Usina Trapiche. Atualmente é reivindicada pelos pescadores e pescadoras tradicionais para que seja transformada em uma Reserva Extrativista (Resex). Todos os processos e estudos necessários para a criação de uma Resex no local já foram concluídos pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) desde 2009, de lá até hoje, o processo encontra-se completamente paralisado aguardando apenas um decreto presidencial.
Outras informações:
Comissão Pastoral da Terra – Regional NE II
Renata Albuquerque
Fone: (81) 9663.2716
Plácido Júnior
Fone: (81) 9774.5520