Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

 

Na manhã de ontem, dia 01/07, uma comissão formada por representantes de entidades e organizações sociais, sindicatos e professores, seguiram em caravana para o Engenho Tiriri, localizado no Cabo de Santo Agostinho, litoral de Pernambuco. O objetivo da caravana foi realizar uma visita para prestar solidariedade às cinco famílias de agricultores e agricultoras que no último dia 22 de maio tiveram suas casas totalmente destruídas em uma ação de despejo promovida pela Suape.

 

Representantes de organizações sociais prestam solidariedade às famílias que tiveram suas casas totalmente destruídas no Engenho Tiriri.

Foto: Sílvio Diniz de Lourenço Jr

 

 

Na ocasião da visita, os agricultores denunciaram que as famílias não foram avisadas do despejo e que a ação contou com a participação de mais de 50 Policiais Militares, Tropa de Choque, cães, além de seguranças privados do Estaleiro. De acordo com uma das moradoras que preferiu não se identificar, as famílias que viviam tradicionalmente no local estavam sendo pressionadas para saírem das terras que deverá dar lugar aos trilhos da Transnordestina - que terá sua rota ligada ao Porto de Suape. Segundo a agricultora, os moradores vinham sendo contactados por Suape para que aceitassem a indenização imposta pela diretoria do Porto. Entretanto, as famílias não concordavam com o valor imposto, considerado irrisório e inviável para que as famílias se restabelecessem em outro local.

Nunca pensei na minha vida que poderia ser tratada como uma criminosa, vendo todos aqueles policiais destruindo tudo. Eu estava de resguardo, com uma criança de 14 dias, o meu pai tem 90 anos e eles nos trataram como se a gente fosse um bando de criminoso. Mas o meu pai vive aqui desde pequeno, chegou antes do que Suape”, ressalta a agricultora revoltada com as violações de direitos cometidas no dia do despejo.

O caso já foi denunciado ao Ministério Público Federal, à Promotoria de Meio Ambiente e à Relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada, Raquel Rolnik. Assim que aconteceu o despejo, os moradores também foram para o Palácio das Princesas afim de denunciarem o caso ao Governo do Estado. No entanto, foram recebidos apenas na frente do Palácio por funcionários do Governo que lhes prometeram agendar uma reunião para discutir o caso. Até hoje, quase dois meses após o despejo, as famílias encontram-se morando em casas de familiares, em barracos adaptados em casas de conhecidos, sem nenhuma resposta do Governo.

As entidades seguirão organizadas para fortalecer o apoio e solidariedade às famílias camponesas. Também seguirão denunciando as violações cometidas por Suape, que avança cada vez mais com o apoio do Governo do Estado, sob territórios camponeses cometendo um sem número de crimes ambientais e violações de direitos humanos em nome do "desenvolvimento". Além disso, as famílias que tiveram suas casas e vidas destruídas exigem que sejam tomadas medidas emergenciais para garantir seus direitos.

Participaram da caravana diversas organizações, entre elas o Fórum das Entidades Populares do Cabo, Movimento Ecossocialista de Pernambuco, a Comissão Pastoral da Terra, representantes das associações de moradores da região, Sintraf do Cabo de Santo Agostinho, Ong Eco Vida, estudantes, professores, entre outros. 

 

Imagens:

Representantes das organizações sociais reunidos em uma das casas que abriga moradores que tiveram suas moradias destruídas em Despejo realizado no dia 22 de maio, no Engenho Tiriri

 Foto: Sílvio Diniz de Lourenço Jr

 

Abaixo imagens das casas destruídas no despejo. A área que antes era tradicionalmente ocupada pelos agricultores será agora destinada aos trilhos da Transnordestina, que será ligada ao Porto de Suape.

 

 

Fotos:
Sílvio Diniz de Lourenço Jr 




 

 

 

 

 

 

 

 

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