A 16ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia será realizada na próxima quinta-feira (13), na cidade de Esperança, na Paraíba. A concentração está marcada para as 8h, na Praça da Cultura, e é aberta ao público. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Diocese de Campina Grande estará presente na manifestação, que tem como tema "Mulheres em Defesa da Borborema Agroecológica". A expectativa é reunir mais de 5 mil agricultoras na marcha.
A programação contará com apresentação cultural da cirandeira Lia de Itamaracá e uma feira de produtos agroecológicos e artesanatos produzidos por agricultoras do Polo da Borborema. O coletivo é formado por 13 municípios e conta com cerca de 150 associações comunitárias, de agricultores e uma cooperativa.
A mobilização denuncia a pressão de empresas sobre agricultores para que entreguem suas terras. Segundo os movimentos sociais, essas corporações enganam as famílias com promessas de grandes ganhos financeiros ao assinarem contratos. No entanto, na prática, os acordos resultam na perda do direito à terra, na impossibilidade de continuar produzindo e na insegurança alimentar.
Outro ponto de crítica é o arrendamento de terras camponesas para projetos energéticos na região da Borborema, muitas vezes sem respeitar o meio ambiente e os moradores locais. De acordo com a Marcha, os contratos são injustos e inviabilizam a permanência das famílias agricultoras e a continuidade da produção de alimentos. Levantamento do site O Eco, com dados do projeto MapBiomas, mostra que empreendimentos de energia renovável destruíram 4,5 mil hectares de vegetação nativa no Brasil, sendo a caatinga o bioma mais impactado.
As mulheres camponesas denunciam ainda as consequências sociais da chegada das usinas e parques eólicos ao Semiárido. O barulho incessante das turbinas afeta a saúde, as cisternas rachadas comprometem a segurança hídrica, e a perda de território reduz a produção agrícola e agrava a vulnerabilidade econômica das famílias. Além disso, denunciam o aumento do assédio a mulheres e meninas, a exploração sexual e o abandono paterno de crianças geradas durante a presença das empresas na região.
Com palavras de ordem como "Nossos corpos são irrenováveis!", as manifestantes alertam que um modelo de desenvolvimento que destrói vidas e desrespeita direitos não pode ser considerado sustentável. A Marcha reforça a luta das mulheres camponesas por um Semiárido onde a terra, a água e a vida sejam respeitadas e protegidas.