Na tarde da última quinta-feira, dia 06 de setembro, na Universidade Federal da Paraíba, Campus I, em João Pessoa/PB, aconteceu o lançamento da publicação anual Conflitos no Campo Brasil 2017, elaborada pela Comissão Pastoral da Terra. O auditório ficou repleto de camponeses e camponesas que foram à Universidade para participar do lançamento. Professores e professoras da UFPB, pesquisadores, pesquisadoras, estudantes e agentes pastorais também estiveram presentes na atividade.
Os dados dos conflitos no campo foram apresentados pelo professor de geografia da UFPB, Marco Mitidiero, que logo de início ressaltou tratar-se de uma triste publicação, uma vez que sua metodologia de registro explicita a violência sofrida por milhares de mulheres e homens do campo que sofrem violências ao lutarem por direitos no Brasil.
O ano de 2017 fica para a história como um dos mais violentos para as populações do campo nas últimas décadas. De acordo com o livro, em 2017, foram contabilizados 1.431 conflitos decorrentes da luta pela terra e pelo território no país, que vitimizaram 708 mil camponeses e camponesas. Esses conflitos explicitam que mais de 37 milhões de hectares estão em disputa no país entre, de um lado, trabalhadores rurais, sem-terra, povos e comunidades tradicionais, e do outro: grandes empresas do agro-hidronegócio, mineradoras, usinas de cana-de-açúcar, obras de infra-estrutura, entre outros.
2017 também assumiu a triste marca de ser o ano com o maior índice de assassinato no campo, desde 2003, com 70 pessoas assassinadas em conflitos agrários. Segundo a média, “a cada cinco ou seis dias, um camponês ou camponesa morreu em 2017 por lutar pelo direito constitucional de ter acesso à terra”, ressaltou o professor Mitidiero. O ano se destaca ainda pelo ressurgimento dos massacres em chacinas no campo, totalizando cinco episódios dessa natureza. No estado da Paraíba, em 2017 foram registradas vinte áreas em conflitos, que vitimizaram 4.935 pessoas. Violências sofridas por famílias camponesas que vivem na Fazenda Fazendinha, na Fazenda Salgado, na Fazenda Paraíso, na Fazenda Pau-a-Pique e no Oitero do Amparo foram algumas das mais emblemáticas registradas no ano de 2017 no estado.
“Não é orgulho para a CPT apresentar esse livro” destacou Tânia Maria, agente pastoral e coordenadora da CPT NE2, ao se referir à violência contabilizada contra essas populações rurais. Tânia chamou a atenção, ainda, dos trabalhadores e trabalhadoras rurais presentes, que são os/as verdadeiros/as escritores do livro. “As informações que vocês nos passam sobre as ameaças e os conflitos estão todas aqui. Estimulamos os agricultores e agricultoras a denunciarem cada violência sofrida. O latifúndio continua com a mesma capacidade de sempre de tomar o que não é dele, então precisamos nos juntar, nos levantar”, destacou a agente pastoral.
Na ocasião, também foi feita uma apresentação sobre o memorial das Ligas Camponesas - localizado na casa onde morou o líder camponês paraibano João Pedro Teixeira e Elizabeth Teixeira, em Sapé/PB -, com o intuito de mostrar a importância de iniciativas que visam a salvaguardar a memória das lutas camponesas no estado e no país.
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Crédito: Setor de comunicação da CPT NE2
Por CPT NE 2