Os trabalhadores rurais Antônio Francisco da Silva, Ivanildo Francisco da Silva, José Luiz dos Santos, José Inácio da Silva Irmão, Marcelo Francisco da Silva, José Martins de Farias e Severino José, depois de 14 horas de julgamento, no Segundo Tribunal do Júri, em Pessoa, foram absolvidos por unanimidade das acusações de uma emboscada que teria provocado o assassinato do vaqueiro José Carlos e da tentativa de assassinato do policial civil Sérgio Azevedo, fatos ocorridos em maio de 2002.
O julgamento foi presido pela juíza Aylzia Fabiana Borges Carrilho. O representante do Ministério Público foi o promotor de Justiça Mainho Mendes, que pediu a absolvição total dos trabalhadores diante da fragilidade dos fatos. Na bancada de defesa dos trabalhadores a sustentação oral foi realizada pelos advogados Noaldo Meireles e Aton Fon Filho. No apoio estavam os advogados Aldaris Dawsley e Silva Junior, Diego Henrique Coriolano, Hugo Belarmino de Morais, Igor Benício, Reginaldo Nunes Chaves, Jaciara Elaine Lourenço, José Bruno da Silva Nascimento, Daniele Gomes de Andrade, Olivania do Carmo Oliveira, Daniel Alves Pessoa e Natália de Sena Alves, além do representante do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, José Godói.
Depois do veredicto, os trabalhadores de várias cidades do estado, que ficaram em vigília na Praça João Pessoa, enquanto o julgamento era realizado, comemoraram muito até a madrugada. Eram cerca de 400 trabalhadores, além de representantes de ONGs, UFPB, CPT, sindicatos e representações de direitos humanos da Paraíba e Assembleia Legislativa, que passaram o dia inteiro em vigília na praça dos três poderes, onde também foi celebrada uma missa com participação de vários padres.
“Estamos muito felizes porque a justiça foi feita. Esses trabalhadores foram injustiçados por acusações forjadas pelo policial civil Sergio Azevedo, que era a única testemunha de acusação. Nós agradecemos aos advogados e a todos aqueles que manifestaram apoio aos trabalhadores”, disse Frei Anastácio.
Acusações falsas
O deputado revelou que as acusações eram tão absurdas que, em algumas das peças do processo, o policial Sergio Azevedo chegou a dizer que “eu e Luiz Couto tramamos a emboscada contra ele. O policial inventou que eu e Luiz nos reunimos com os trabalhadores e havíamos arquitetado tudo. Uma verdadeira farsa para incriminar nós e os trabalhadores. Mas, a justiça foi feita e a verdade prevaleceu”, disse Frei Anastácio.
Frei Anastácio disse que lamenta o fato dos trabalhadores terem passado um ano e sete meses presos, diante de acusações tão levianas. “O pior é que dois deles desenvolveram doenças durante a prisão. Severino dos Ramos dos Santos (Raminho) faleceu em decorrência de doença cardíaca desenvolvida durante o tempo que ficou preso. Severino José da Cruz (Seu Dino), também desenvolveu doença cardíaca e diabetes durante o cárcere e teve que amputar as duas pernas”, lamentou o parlamentar.
De acordo com Frei Anastácio, é lamentável também saber que o policial que acusou os trabalhadores tinha vários processos contra ele e nunca sofreu nenhuma punição em. “A informação que tínhamos era de que nenhum delegado queria assumir inquérito contra Sérgio. Esse policial foi assassinado,em março de 2013, em Bayeux, em situação que a polícia ainda não esclareceu bem, mas nunca recebeu nenhuma punição através dos processos que existiam contra ele em vida”, relatou Frei Anastácio.
“Sérgio Azevedo era acusado de promover tortura e tiroteios contra trabalhadores, animais, e até de invasão de casas na região do Agreste. Foi acusado de ter matado o trabalhador Almir Muniz, em 2002, no município de Itabaiana, e de ter ocultado o corpo, até hoje não encontrado. Além disso, Sérgio era acusado de comandar milícias de capangas e promover ameaças de morte contra mim e Luiz Couto. Mesmo assim, nunca sofreu nenhuma punição. Mas, bastou ele abrir a boca, oito trabalhadores foram presos e passaram um ano e sete meses atrás das grades. Só saíram após decisão do Superior Tribunal de Justiça, em 19 de dezembro de 2003. Mas, finalmente a justiça foi feita”, desabafou Frei Anastácio.
Fonte: Gabinete de Frei Anastácio/ PB