A energia da juventude camponesa marcou o Grito, que uniu vozes do campo e da cidade por justiça social
O 31º Grito dos Excluídos e das Excluídas tomou as ruas de Maceió neste 7 de setembro, reunindo centenas de pessoas em um ato marcado pela diversidade de vozes e pelo caráter popular.
Pastorais sociais e organismos da Igreja, movimentos populares, sindicatos, centros e diretórios acadêmicos estudantis estiveram à frente da manifestação. O objetivo foi afirmar que a independência verdadeira só se constrói com justiça social, democracia, soberania e cuidado com a Casa Comum.
Com o tema permanente “A vida em primeiro lugar” e o lema deste ano, “Cuidar da Casa Comum e da democracia é luta de todo dia”, o Grito reafirmou sua identidade como processo contínuo de mobilização que denuncia exclusões e anuncia alternativas para uma vida digna para todos e todas.
A concentração começou na Praça da Faculdade, com uma celebração ecumênica, e seguiu em caminhada até o bairro histórico de Jaraguá. Com cartazes, bandeiras e cantos de protesto, os participantes denunciaram as desigualdades sociais, repudiaram a tentativa de golpe de 8 de janeiro e rejeitaram a proposta de anistia a golpistas em tramitação no Congresso. Ao mesmo tempo, anunciaram a esperança em um país capaz de garantir terra, teto, trabalho, saúde, educação e dignidade para o povo.
A juventude camponesa da CPT teve papel marcante no ato. Após concluírem o 15º Encontro da Juventude Camponesa, os jovens levaram cores, palavras de ordem e animação ao Grito. A participação deles deu ainda mais vigor à mobilização, lembrando que a construção de um futuro digno passa pela permanência no campo, pelo respeito à natureza e pela valorização das comunidades rurais.
Entre as bandeiras defendidas no protesto na capital alagoana estavam a taxação dos super ricos, o fim da escala 6x1, a defesa da soberania nacional e o direito à terra e à agroecologia.
Juventude camponesa: memórias, resistências e esperança no campo
Antes de se unir ao 31º Grito dos Excluídos e das Excluídas, jovens da CPT participaram, entre os dias 4 e 7 de setembro, do 15º Encontro da Juventude Camponesa, realizado em União dos Palmares. O encontro teve como tema “Cultivando Saberes, Sonhos e Lutas: Por memórias, resistências e esperança jovem no campo” e reuniu filhos e netos de agricultores das regiões do Litoral, da Mata e do Sertão.
Durante quatro dias, a juventude promoveu momentos de espiritualidade, debates, mutirões e atividades culturais que valorizaram os saberes tradicionais e a história de cada comunidade. Edclaudia Rocha, do assentamento Padre Emílio April, destacou o caráter coletivo da experiência:
“Foram dias de troca de experiências, reflexões e fortalecimento da caminhada coletiva, reafirmando que a juventude é guardiã da memória, da terra e da esperança. O encontro se encerrou no dia 7 de setembro, junto ao Grito dos Excluídos, unindo a voz da juventude camponesa às vozes do povo brasileiro, denunciando injustiças e anunciando vida digna no campo e na cidade”.
A programação incluiu rodas de conversa com jovens que já coordenaram a articulação camponesa e a linha do tempo, em que cada grupo apresentou a história de seus assentamentos e acampamentos. Houve ainda a exposição “Memória, resistência e esperança jovem no campo”, a apresentação de trabalhos sobre as trajetórias das comunidades e uma noite cultural dedicada à celebração da identidade do campo.
No último dia, os jovens marcharam em Maceió junto ao Grito dos Excluídos e das Excluídas. A presença deles demonstrou que a juventude não é apenas herdeira das lutas do passado, mas protagonista na construção de um futuro com dignidade, agroecologia e justiça social. Como afirmou Edclaudia: “Somos juventude que resiste, que sonha e que segue semeando futuro no chão da nossa história”.
Lara Tapety / Ascom CPT AL
Fotos:
01 - Adriano Arantos @arantosfotografia
02 - Orlando Costa @orlandocostaportfolio
03 - Edclaudia Rocha / Juventude Camponesa da CPT
04 - Adriano Arantos @arantosfotografia