Na última semana, entre os dias 05 e 07 de setembro, aconteceu o Encontro Estadual Juventude Camponesa, realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Alagoas, com a participação de jovens de 11 comunidades de todas as regiões do estado.
A programação contou com momentos de oração, mesa de abertura, palestras, diálogos, trabalhos em grupo, exibição de filme e foi encerrada com a participação no 29º Grito dos Excluídos e Excluídas. No primeiro dia do encontro, Alane Lima, presidente do Memorial das Ligas Camponesas (MLLC), localizado em Sapé (PB), falou sobre história das Ligas Camponesas. Para ela, o resgate da memória contribui para garantir uma luta camponesa contínua.
“O público que a gente teve foi de adolescentes e jovens que tem diversos perfis, uns com contanto de experiência no contexto organizativo, outros não; mas todos com o desejo de aprender. Então, hoje foi muito interessante, inclusive, a participação coletiva nos trabalhos em grupo, porque quando a gente diminuiu o grupão e vai para os grupos menores a participação é mais efetiva”, avaliou Alane.
Nos grupos de trabalho, os jovens responderam questões como "o que é memória?", "o que é fazer memória?" e "por quê lutas camponesas?". De acordo com Alane Lima, a diversidade foi garantida na participação nos grupos, porque em todos eles havia jovens de diferentes comunidades, áreas de assentamento e de acampamentos, e meninos e meninas. No momento das apresentações, eles mostraram seus cartazes, onde registraram suas reflexões.
A respeito da memória, um dos grupos escreveu: "A memória tem um papel fundamental na aprendizagem, pois permite o reaproveitamento das experiências do passado e do presente e ajuda a garantir a continuidade do aprendizado. A memória é um processo ativo de codificação, armazenamento e recuperação de nossas experiências".
"As lutas camponesas são movimentos de resistência e luta por direitos protagonizados por trabalhadores rurais. Essas lutas podem envolver questões como acesso à terra, reforma agrária, condições de trabalho e direitos trabalhistas e sociais e igualdade no campo", responderam os jovens mostrando outro um cartaz.
Na perspectiva do tema do encontro – "Memória e lutas camponesas" – o segundo dia de atividades contou com a explanação sobre a história da Pastoral da Terra. Houve, ainda, um resgate do que a Terra significa para os povos indígenas – uma continuidade dos seus corpos. “Os indígenas e os povos originários da natureza são uma coisa só”, explicou Carlos Lima, da coordenação nacional da CPT.
“Aquilo que os portugueses conseguiram fazer o seu projeto de colonização que é apartar o homem e a mulher, as pessoas, da natureza; e transformar a Terra, que é um bem comum, que é um bem natural, em uma mercadoria. Quer dizer, a tentativa de converter a Terra em mercadoria, porque a Terra vai sempre ter essa ligação essa dádiva que é produzir alimento e garantir a vida da nossa espécie e, também, de todos os seres vivos que habitam o planeta”, disse Carlos.
Para o coordenador da CPT, o Encontro da Juventude Camponesa possibilita a formação de novas lideranças para dar continuidade à luta. “Foi um momento muito bom, assim uma participação muito boa, que finalizou o encontro com a participação no Grito. Isso foi extraordinário!”, concluiu.