Reunidos, desde ontem (28), na frente do Fórum da cidade de Atalaia, na Zona da Mata de Alagoas, os camponeses e camponesas relembram o assassinato de lideranças dos movimentos de luta pela terra e seus casos que ainda seguem impunes. A vigília rememora ainda os 16 anos do assassinato de Jaelson Melquíades, do MST, morto em uma emboscada planejada pelas elites da região.
“O caso de Jaelson é um caso emblemático aos movimentos sociais de luta pela terra em Alagoas. Temos um inquérito policial que já apontou mandante e executor do crime, mas até hoje somente um mandante foi identificado no processo”, explicou Margarida da Silva, da direção nacional do MST.
Segundo a dirigente, desde o assassinato de Jaelson, o dia de sua morte tornou-se um dia de luta para os trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra.
“O Dia Estadual de Luta Contra a Violência e a Impunidade no Campo e na Cidade reafirma ao longo desses anos a nossa disposição de lutar contra toda e qualquer forma de violência que ameaça, criminaliza e mata aqueles e aquelas que lutam por justiça, seja no campo ou na cidade”, sinalizou Margarida.
Com velas, cruzes, palavras de ordem e celebrações, a vigília na frente do Fórum integra a agenda do MST pela passagem do dia de luta contra a violência. Na próxima segunda-feira (29), os camponeses e camponesas realizam ainda um ato político no centro da cidade de Atalaia, com a presença de lideranças religiosas, movimento sindical, organizações populares e partidos políticos.
“Nossa ação coletiva é extremamente necessária para o momento que estamos vivendo. Jaelson é um caso que retrata o papel da impunidade no fortalecimento da violência no campo, e essa tem sido uma história que se repete.
Ao olharmos o histórico dos assassinatos de trabalhadores rurais em Alagoas, vamos nos deparar com outros casos que seguem impunes até hoje”, comentou Margarida.
Crimes em Atalaia
Além da morte de Jaelson, a cidade de Atalaia é marcada ainda pelo assassinato de outras lideranças da luta pela terra, como o caso de José Elenilson e Chico do Sindicato. O município já chegou a ocupar o segundo lugar do Nordeste em conflitos agrários, em especial no período do fechamento das grandes usinas e o aumento das ocupações de terra.
O caso de Chico do Sindicato, por exemplo, é mais uma marca da violência das elites da região contra os que lutam pela terra e pela Reforma Agrária.
Chico foi um sindicalista da cidade de Atalaia que atuou no sindicato dos trabalhadores rurais e contribuiu na luta dos trabalhadores na ocupação das terras da antiga Usina Ouricuri, após sua falência. Foi assassinado em março de 1995 e até hoje seu caso segue impune.
Da Página do MST
*Editado por Fernanda Alcântara