Famílias camponesas de acampamentos acompanhados pela Comissão Pastoral da Terra em Alagoas ocuparam a sede do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) na manhã do dia 30/08, em busca de respostas sobre os encaminhamentos feitos na última audiência com o governador do estado, Renan Filho (MDB) no dia 20/07.
No mês passado, a equipe da CPT e representantes das comunidades chamadas Bota Velha, Santa Cruz e Mumbuca – situadas no município de Murici, zona da mata alagoana – estiveram com o governador no Palácio República dos Palmares para discutir sobre a aquisição das áreas para fins de reforma agrária. As pessoas enfrentam conflitos no campo há mais de 20 anos. Na ocasião, também estiveram em pauta os acampamentos Domingas e Porto de Ostras, localizados em Porto de Pedras, no litoral; e Nossa Senhora de Guadalupe, em Igaci, no agreste.
O governador falou sobre a disponibilidade dos recursos financeiros estaduais para solucionar as demandas. Houve o comprometimento de Renan Filho, por exemplo, em conversar pessoalmente com os ditos proprietários da fazenda Bota Velha sobre a venda do imóvel rural e a possibilidade da aquisição da fazenda Mumbuca foi tratada, por celular, em diálogo com superintendente da Caixa Econômica Federal (CEF).
Para cobrar o cumprimento das promessas, os agricultores e agricultoras do acampamento Nossa Senhora de Guadalupe estiveram na capital, junto às famílias de Bota Velha, Santa Cruz e Mumbuca.
De acordo com a coordenadora da CPT, Heloísa Amaral, o diretor-presidente do Iteral, Jaime Silva, informou que enviou um ofício ao superintendente da CEF sobre a aquisição da área de Mumbuca, porém, o documento precisa ser remetido diretamente do gabinete do governador, visto que a compra será realizada pelo Governo do Estado e não pelo órgão. Assim, o avanço da solução depende de Renan Filho.
Em relação à comunidade Bota Velha, Jaime Silva informou que entrou em contato com o proprietário visando um acordo. Discutiu-se a possibilidade da compra de 250 hectares da fazenda para fins de reforma agrária via estado. Mais uma vez, foi dito que para a resolução definitiva do conflito é preciso que o governador, de fato, se reúna presencialmente com o proprietário.
O Iteral fez o levantamento da área ocupada em Igaci, chamada Nossa Senhora Guadalupe, e constatou, através das certidões, que pertence do governo estadual e, portanto, pode passar pelo processo de reforma agrária através de um decreto.
As famílias retornaram aos acampamentos após a reunião com o diretor-presidente do Iteral. Elas pretendem retornar a cada mês mais mobilizadas até a resolução definitiva das demandas.
“A reunião foi proveitosa. No dia 07 de setembro vamos voltar à Maceió para a marcha do Gritos dos Excluídos. Nos dias 13 e 14 o Iteral vai fazer o cadastro das famílias de Mumbuca e Bota Velha. No final do mês, a gente volta a acampar em Maceió”, disse a camponesa Maria Quitéria Ferreira, da comunidade de Bota Velha.
Lara Tapety (Ascom CPT/AL)
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Crédito das fotos: Helciane Angélica/Iteral