Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

No sertão alagoano, a barragem do assentamento Santo Antônio, situado em Major Isidoro, está cheia. A imagem das crianças brincando na água mostra a alegria do povo sertanejo diante do período de chuva. É hora de trabalhar na lavoura para garantir o alimento da população do campo e da cidade, especialmente diante da crise ocasionada pela Covid-19.

“Graças a Deus as chuvas vieram com abundância, encheu nossa barragem. É onde nossos animais bebem, onde a gente pesca. Ela está cheia!”, narra a camponesa Fábia.

Nos últimos dias, as famílias do assentamento Santo Antônio têm se dedicado à roça para cultivar o milho e o feijão de corda, plantados em 19 de março, Dia de São José. O plantio na data comemorativa é uma tradição sertaneja para garantir as comidas típicas de outra festa: o Dia de São João.

No ano passado, o camponês Seu Lula colheu 14 sacos de milho, vendeu apenas 5 e guardou os demais, sendo uma parte transformada em ração (xerém) para as galinhas e, outra, usada para plantar novamente. Dona Maria contou que foram colhidos três sacos de feijão de corda. Uma parte foi usada para consumo próprio e outra parte dividida com vizinhos, como uma troca de sementes. Cada saco tem capacidade para armazenar 50kg do produto. Ou seja, foram colhidos pela família 700kg de milho e 150kg de feijão em 2019, quando a chuva foi escassa.

Neste ano de 2020, as fortes chuvas mudaram a cor da paisagem seca do sertão para o tom de verde, que dá esperança para as comunidades camponesas – isoladas por natureza, mas atentas às orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) – enquanto os centros urbanos estão abalados pela pandemia do novo coronavírus.

No roçado de Seu Lula, tomado pelo verde, é possível encontrar milho, feijão de corda, palmas, abóbora, melancia e maxixe. Ele também tem animais soltos, como galinhas de capoeira. Animado, apresentou seu moedor de milho para fazer ração: “Eu fiz à mão, furando essa pedra. Invenção minha, sabe? Eu furei e deu certo. Aqui se chama moinho antigo de pedra. A pessoa coloca o milho em cima e ele vai quebrando e saindo em baixo”, disse Seu Lula.



Lara Tapety - Ascom/CPT-AL

 

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