O Júri Popular sobre o caso do assassinato de Luciano Alves, conhecido como Grilo, liderança do MST na região do Agreste de Alagoas, assassinado em 2003, ocorreu ontem (30), dezesseis anos após o crime na Zona Rural do Município de Craíbas, condenando por 18 anos de prisão o executor de Grilo, João Olegário, conhecido como João da Lica e absolvendo os acusados de mandantes do crime, José Francisco da Silva, conhecido como Zé Catú, e seu irmão, Francisco da Silva, conhecido como Chiquinho Catú. Zé Catú é atualmente vereador no município de Girau do Ponciano pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC).
O julgamento que durou cerca de 10 horas, foi acompanhado por dezenas de trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra, além de organizações populares parceiras do MST em Alagoas que, desde as primeiras horas da manhã iniciaram vigília na porta do Fórum que julgou o crime.
Em nota, o MST destaca que o resultado do júri não atendeu as expectativas do Movimento, “para nós o resultado do Júri Popular não atende, em sua totalidade, as expectativas daqueles e daquelas que por mais de 16 anos lutam contra a impunidade presente na morte de Luciano Alves e de tantos outros trabalhadores rurais Sem Terra em Alagoas e no Brasil, mas entendemos que esse é mais um passo para que, de fato, a justiça possa ser feita”, destacou trecho da nota divulgada pelo MST.
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Confira a nota na íntegra.
Nota sobre o desfecho do júri do caso do assassinato de Luciano Alves
Há exatos 16 anos, 1 mês e 23 dias após ser assassinado, somente ontem (30), ocorreu o Júri Popular do mandante e assassinos, denunciados anteriormente pelo Ministério Público, do militante Sem Terra Luciano Alves, conhecido como Grilo, liderança Sem Terra que atuava na região do Agreste de Alagoas.
O Júri Popular que teve 10 horas de duração, no Fórum da Capital Desembargador Jairon Maia Fernandes, em Maceió, absolveu José Francisco da Silva, conhecido como Zé Catú, vereador de Girau do Ponciano e acusado de mandante do crime e seu irmão, Francisco da Silva, conhecido como Chiquinho Catú, também acusado de mandante do crime e condenou por 18 anos de prisão o executor do crime, João Olegário, conhecido como João da Lica.
A absolvição dos dois acusados de mandantes do assassinato de Grilo se deu pela alegação de ausência de provas materiais que comprovassem o envolvimento dos dois. No caso de João Olegário, o acusado foi apreendido no processo de busca em poder de um revólver calibre 38, que correspondia aos projéteis retirados do corpo da vítima.
Para nós o resultado do Júri Popular não atende, em sua totalidade, as expectativas daqueles e daquelas que por mais de 16 anos lutam contra a impunidade presente na morte de Luciano Alves e de tantos outros trabalhadores rurais Sem Terra em Alagoas e no Brasil, mas entendemos que esse é mais um passo para que, de fato, a justiça possa ser feita.
Reiteramos nosso compromisso na luta contra a violência e a impunidade no campo e na cidade, sobretudo contra aqueles que lutam pelos direitos sociais e se organizam. Seguiremos em marcha pela memória de Luciano Alves, na luta por justiça e pela Reforma Agrária.
Por fim, deixamos nosso profundo agradecimento aos amigos e amigas da luta pela terra em Alagoas e no Brasil que acompanharam o caso e seguem como defensores e defensoras da justiça social, o companheirismo e solidariedade das organizações populares que acompanham a luta pela terra em Alagoas, nesse e em diversos outros momentos, são para nós importantes motores para nossa luta seguir firme.
Aos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!
Luciano Alves, presente!
Alagoas, 31 de outubro de 2019
Coordenação Estadual do MST/AL