Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

 A 28ª edição foi um sucesso e a comunidade já espera pela próxima feira livre na praça

As feiras camponesas realizadas pela Comissão Pastoral da Terra em Alagoas (CPT/AL) têm se firmado como um espaço de interação entre os trabalhadores e as trabalhadoras do campo e da cidade. Nelas, a população tem acesso aos frutos da luta pela terra, comprovando que os sem-terra produzem muitos alimentos saudáveis e que a reforma agrária é necessária no Brasil.

Show de Pinóquio do Acordeon na 28ª Feira Camponesa. Foto: Lara Tapety

Ocorrida entre os dias 6 e 9 de junho de 2018, a 28ª edição do evento contou com uma ampla aceitação e participação popular. Foram quatro dias de comercialização de produtos, trazidos dos assentamentos e acampamentos, na Praça Afrânio Jorge, conhecida como Praça da Faculdade, no bairro do Prado, em Maceió. De quarta à sexta-feira, houve uma programação cultural noturna, com atrações musicais, apresentação de mamulengo e bingo de um carneiro. 

 

Solenidade de abertura denuncia a criminalização daqueles que lutam por justiça social e vida digna 

 

Solenidade de abertura da 28ª Feira Camponesa. Foto: Helciane Angélica

A abertura oficial da 28ª Feira Camponesa aconteceu na manhã da quarta-feira, 6 de junho. A solenidade contou com a participação do superintendente e do superintendente substituto do Incra/AL, César Lyra e José Ubiratan Rezende; do presidente do Iteral, Jaime Messias da Silva; de Débora Nunes, dirigente do MST; Josival Oliveira, do MLST; Marcos Antônio da Silva (Marrom), do MVT; José Severino (Índio), do MLT; Givaldo Teles, da Fetag/AL; e Rilda Alves, presidenta da CUT/AL, além do coordenador da CPT/AL, Carlos Lima.

Na ocasião, entre as saudações dos presentes – que falaram sobre a importância da realização das feiras livres, da agricultura familiar camponesa, da produção agroecológica e criticaram o aumento do uso dos agrotóxicos no país e o agronegócio – foi destacada a questão da criminalização dos movimentos sociais e seus parceiros, chamando atenção para a situação do Padre Amaro, preso injustamente em Anapu, Pará.

O referido padre dá continuidade ao trabalho da Irmã Dorothy Stang, assassinada em 2005, na mesma cidade, quando lutava pelo direito à terra para os que dela precisavam e na defesa de uma convivência harmoniosa com a natureza. Ele faz parte da equipe pastoral da Prelazia do Xingu, e da equipe da CPT, à qual pertencia a feira.

De acordo com o coordenador da CPT/AL, Carlos Lima, na segunda-feira que antecedeu a abertura da feira, o tribunal de justiça do Pará, por unanimidade, manteve a prisão do Pe. Amaro. Paralelo a isso, essa mesma justiça há pouco tempo soltou o assassino de Ir. Dorothy. “Então, esse é o Brasil que nós temos: um país que persegue aqueles que fazem luta e solta aqueles que matam trabalhadores e quem organiza a luta do povo, como o caso da Ir. Dorothy”, disse.

 

28ª Feira Camponesa mostra a diversificação de alimentos produzidos pela agricultura familiar no estado

 

 
Graviola, maracujá, abacaxi, bananas e tapioca numa mesma barraca. Foto: Lara tapety

Durante o evento, ao menos 100 produtos diferentes foram comercializados em aproximadamente 90 barracas montadas no local. Entre eles, estão vários tipos de bananas, laranjas, inhame, macaxeira, abóbora, batata doce, milho, tomate, galinha de capoeira e mel de abelha. Ao todo, mais de 100 toneladas de alimentos seguiram para as mesas da população maceioense. Além disso, a feira contou com uma Casa de Farinha e restaurante camponês.

 

 
Camponesa prepara goma na Casa de Farinha montada na praça. Foto: Lara Tapety

Comunidade prestigia as atrações noturnas e artistas valorizam a realização das feiras

 

 
Apresentação do sanfoneiro Xameguinho. Foto: Lara Tapety

Nas noites dos dias 6, 7 e 8 de junho, o palco da 28ª Feira Camponesa recebeu Edi Ribeiro, Wagner Volpone, Xameguinho, Kel Monalisa e Pinóquio do Acordeon. Na sexta-feira, houve, também, a apresentação do Mamulengo Jurubeba, teatro de boneco com teor político social, vindo de Recife.

Os primeiros músicos a se apresentar no evento, na quarta-feira, 6 de junho, foram Edi Ribeiro e Wagner, que são guitarristas, cantores e compositores. Não foi a toa que estavam na programação. Todos os artistas que se apresentaram na Feira Camponesa têm a compreensão da importância do evento.

Para Edi Ribeiro, a feira “é um ato de resistência do agricultor que trabalha com a terra e traz o alimento para a população urbana ver o que está sendo produzido. Essa questão da resistência é importante porque a gente precisa que a terra seja cultivada de maneira eficiente e não improdutiva, cercada pelos quatro lados, mas sem servir para nada”. Segundo ele, a postura da Feira Camponesa é uma realidade que a sociedade precisa enxergar e é a resposta de que os frutos estão sendo colhidos. 

 
Edi Ribeiro no palco da 28ª Feira Camponesa. Foto: Lara Tapety

Edi também destacou que o evento também promove a cultura popular alagoana. “Aqui a gente toca uma música de qualidade, como um forró raiz, autentico, e, também, podemos fazer a nossa música autoral sem crítica contrária de que não podemos apresentar o novo. Por exemplo, pesquisando sobre a sanfona no baião de Luiz Gonzaga, eu descobri que ele pegou notas da viola e trouxe para a sanfona, então, eu faço o contrário, usando a guitarra. Na feira, nós temos o espaço para mostrar isso”, falou.

O cantor Wagner Volpone considerou sua apresentação na feira uma experiência maravilhosa: “Tocar em uma das praças mais movimentadas da cidade, com a reciprocidade do público e unindo a cultural local, com uma feira orgânica de vários assentamentos da reforma agrária aqui de Alagoas e depois comer uma tapioca feita na hora e comprar um verdadeiro mel, foi incrível!”.

 
Wagner Volpone e banda na feira realizada pela CPT/AL. Foto: Lara Tapety

Volpone, disse, ainda, que a feira mostra a importância dos assentamentos da reforma agrária enquanto terras vivas e produtivas, gerando renda para vários camponeses, ao mesmo tempo, trazendo, verduras, frutas e hortaliças sem agrotóxicos. “Sem esquecer que, para nós, músicos, é muito importante ter eventos como este, onde conseguimos divulgar nosso trabalho e transmitir a nossa mensagem!”, finalizou.


A programação noturna da 28ª Feira Camponesa foi encerrada na sexta-feira com o animadíssimo Pinóquio do Acordeon, após apresentação do Mamulengo Jurubeba, que divertiu a criançada, e da realização do Bingo do Carneiro. A intérprete Kel Monalisa também elogiou o evento. Kel Monalisa mostrou sua satisfação nas redes sociais: “Show na rua é sempre especial! E com essa banda tudo fica blue! Foi maravilhoso, meu povo”, postou no Instagram. O guitarrista do grupo, Gabriel Freitas, também fez questão de compartilhar fotos e comentar: “Quem faz a festa é o POVO, a garra dos trabalhadores rurais nos proporcionou uma noite maravilhosa. Energia sem igual. O importante é que a gente continua fazendo a nossa parte!”.

 
Pinóquio do Acordeon tocando na 28ª Feira. Foto: Lara Tapety

O bingo, sem dúvida, foi a atividade que mais proporcionou interação na praça, que ficou lotada até o fim da noite, com um ambiente familiar, cheio de casais dançando o genuíno forró pé-de-serra.

 
Família ganhou o bingo do carneiro. Foto: Lara Tapety

Não perca a próxima feira!

 

A 29ª Feira Camponesa da CPT/AL vai acontecer entre os dias 3 e 6 de outubro de 2018, mas, antes dela, haverão feiras itinerantes. A próxima será nos dias 23, 24 e 25 e agosto, no bairro Salvador Lira

 

Fonte: CPT Alagoas

 

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