Cerca de 5 mil mulheres do campo e da cidade ocuparam as ruas de Maceió durante toda a manhã de hoje (08), no ato que marca a passagem do dia Internacional de Luta das Mulheres. Reunindo uma diversidade de organizações populares, partidos, sindicatos, movimento cultural e de juventude, as mulheres têm audiência marcada para às 17 horas com o governador do estado Renan Filho (PMDB), no Palácio Marechal Floriano Peixoto.
Duas colunas em marcha saindo de cantos distintos da cidade, dialogou com a sociedade em torno do tema da violência contra as mulheres e a defesa da democracia e dos direitos conquistados pelas mulheres. No encontro dos dois blocos de manifestantes, o centro da cidade já estava tomando por milhares de mulheres com suas faixas, bandeiras, batucadas e palavras de ordem.
“Esse é mais um importante e fundamental dia de luta para nós, a partir da nossa unidade conseguimos colocar nas ruas de Maceió a força e a resistência das mulheres alagoanas”, destacou Débora Nunes, da coordenação do MST.
De acordo com Débora, o ato em Maceió aponta a fundamental tarefa das mulheres do campo e da cidade seguirem em unidade pautando a luta contra todo tipo de violência contra as mulheres. “Precisamos seguir alertas, organizadas, em unidade e em luta, combatendo todo tipo de violência contra as mulheres, seja ela a física, a psicológica, como também a violência que é a retirada dos direitos conquistados pelas mulheres, que impede que a gente possa ter uma vida digna, nos oprimindo e explorando”, disse.
“Seja quando ameaçam o nosso direito a aposentadoria, quando retiram nossos direitos trabalhistas ou quando as mulheres do campo não têm acesso a um centro de saúde da mulher, também somos violentadas pela ausência e descaso do Estado”, denunciou Nunes.
Durante a marcha as mulheres pararam em frente à Delegacia da Mulher e do Palácio do Governo do Estado. Na passagem pela Delegacia da Mulher, as manifestantes lembraram dos diversos casos recentes em Alagoas de violência contra as mulheres, como o assassinato da professora da rede pública Angélica Ventura, morta a facadas pelo seu marido na última sexta-feira (02) na cidade de Viçosa.
Cobrando justiça aos casos de violência contra às mulheres, as manifestantes também denunciaram o alarmante número do feminicídio em Alagoas que já contabiliza o assassinato de 76 mulheres nos últimos 3 anos no estado, sendo 31 assassinatos no ano de 2017, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, colocando Alagoas com a maior taxa de crimes de ódio motivados pela condição de gênero entre os estado do Nordeste.
“A violência sofrida pelas mulheres existe no ambiente doméstico e também pelo estado de Alagoas, estado machista, opressor e violento contra as mulheres”, denunciou Elida Miranda, da Frente Brasil Popular.
Agressão durante o ato
Na ocasião, duas manifestantes enquanto faziam a segurança do ato, foram agredidas pela Polícia Militar do Estado. O Boletim de Ocorrência do fato foi feito na Delegacia da Mulher, onde as agredidas prestaram queixa da agressão realizada pelo tenente da PM.
“Duas companheiras hoje foram agredidas durante o ato das mulheres. Não podemos permitir a violência nem nos calar contra esses casos. Machistas não passarão!”, completou Elida.
As manifestantes agredidas estão sendo acompanhadas pela equipe do Centro de Defesa dos Direitos das Mulheres (CDDM), inaugurando em Maceió durante as atividades do mês de março.
Outras agendas
Com acampamento montado na Secretaria de Agricultura desde ontem (07), as mil mulheres Sem Terra retornam aos acampamentos e assentamentos em todo o estado de Alagoas durante o período da tarde, quando levantam acampamento do órgão.
Mobilizadas desde terça-feira (06), as camponesas ocuparam além da Secretaria de Agricultura, os prédios da Eletrobras Distribuidora, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (ITERAL).
“Mais uma vez as mulheres do campo demonstram sua disposição para a luta em defesa da Reforma Agrária e contra os ataques dos golpistas em nossas vidas”, disse Heloísa Amaral, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
“Retornaremos à capital quantas vezes forem necessárias, denunciando a paralisia da Reforma Agrária e na defesa da vida das mulheres que constroem a vida no campo alagoano”.
A agenda do mês de março em Alagoas continua com diversas atividades em todo o estado, rodas de conversa, atividades culturais, oficinas e panfletagens dão corpo ao março feminista organizado pelos movimentos populares em todo o estado.
Fonte: MST Alagoas