Trabalhadores Rurais Sem Terra do MST ocuparam hoje (23) as duas superintendências do Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) em Pernambuco, em protesto contra a lentidão da Reforma Agrária no país. Na capital, Recife, cerca de 400 famílias Sem Terra ocupam a superintendência do Incra. No Sertão do São Francisco, mais de 600 famílias Sem Terra estão acampadas desde a manhã de hoje na sede do Incra em Petrolina.
As ações em Pernambuco fazem parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, realizada em torno do Dia do Trabalhador Rural, em 25 de julho. Os Sem Terra exigem o assentamento das 140 mil famílias acampadas em todo o país e o investimento público para crédito rural e infra-estrutura em áreas de reforma agrária, como casa, saneamento básico, escola, hospital e um programa de agroindústria para assentados. As mobilizações, que se iniciaram na última segunda-feira (21), vão continuar até que o Incra garanta fazer medidas concretas para resolver essa situação.
As ações da Jornada de Lutas denunciam também a criminalização dos movimentos sociais, especialmente no Rio Grande do Sul e no Pará. No Rio Grande do Sul, o Ministério Público do estado aprovou relatório que pede a dissolução do Movimento. No Pará, o dirigente da CPT José Batista foi condenado a prisão por participar de protesto no Incra.
Reforma Agrária Parada
A Reforma Agrária no Brasil está praticamente parada. Só no Estado de Pernambuco, são cerca de 14.000 famílias vivendo debaixo de lona preta, em 132 acampamentos, em condições precárias e sob permanente insegurança e ameaça, seja por parte de pistoleiros, de seguranças contratados por latifundiários e empresários ou da própria polícia.
Apesar disso, no ano passado não houve uma única terra desapropriada ou família assentada em todo o Estado. Por outro lado, os assentamentos de Reforma Agrária estão abandonados pelo governo, que tem priorizado o investimento para o agronegócio em detrimento da agricultura familiar. Enquanto que as famílias assentadas encontram uma serie de dificuldades no acesso a credito, no ano passado, o Banco do Brasil financiou cerca de 7 bilhões de reais para apenas 13 grandes
grupos econômicos.
Só a Reforma Agrária pode resolver o problema do aumento do preço dos alimentos no Brasil, com a produção de verdura, legumes e frutas, baratas para a população. Estudos comprovam que 70% dos alimentos consumidos no país são produzidos pela agricultura familiar. O que é produzido pelo agronegócio são commodities para exportação, e não comida para o povo. O MST tem uma proposta de desenvolvimento para o campo brasileiro, baseada na soberania alimentar do país, na geração de emprego e justiça no campo. Mas o primeiro passo é o assentamento de todas as famílias acampadas no Brasil.
Fonte: Setor de Comunicação do MST PE
Sem Terras ocupam sedes do Incra no Recife e em Petrolina
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