Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O volume de assistência alimentar caiu no ano passado ao seu nível mais baixo em quase 50 anos, resultado do efeito negativo da alta nos preços das commodities agrícolas -especialmente trigo, milho e arroz- sobre as verbas dos doadores, afirma um relatório das Nações Unidas que será divulgado hoje.

Relatório da ONU culpa alta nos preços por recorde negativo de 5,9 milhões de toneladas no ano passado

DO "FINANCIAL TIMES"

O relatório Food Aid Flows (fluxos de ajuda alimentar) estima que as doações de alimento tenham caído a 5,9 milhões de toneladas no ano passado, o total mais baixo desde a criação do levantamento, em 1961 e 15% abaixo de 2006. O nível mais baixo até então havia sido registrado em 1973, quando o mundo viveu crise alimentar.
O relatório do PAM (Programa Alimentar Mundial da ONU) alerta que os recursos disponíveis para assistência alimentar precisam ser ampliados, a fim de combater o impacto negativo da alta dos preços. "Existe uma necessidade urgente de reverter essa tendência de queda", diz o relatório.
"É provável que os preços se mantenham altos nos próximos anos. Isso poderia ameaçar as perspectivas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e o combate à fome e à subnutrição", afirma o estudo.
O alerta surge no momento em que os preços do milho bateram novo recorde de alta. Os preços da soja e trigo também subiram, ameaçando causar aumento ainda maior nos custos da assistência alimentar.
Os negociantes dizem que a alta nos preços das commodities agrícolas se deve a uma elevação nos custos da agricultura causadas pelos preços recorde do petróleo e dos fertilizantes e pelo clima desfavorável nos EUA, na Argentina e na China.
O volume mundial de assistência alimentar vem caindo desde 1999, quando ficou em 15 milhões de toneladas. No ano passado, porém, a queda se acelerou ainda mais.
Os preços do trigo subiram 122% de 2000 a 2007; os do milho, 86%; e os do arroz, 62%. O custo de transporte de alimentos dobrou no ano passado.
Joseete Sheran, diretora executiva do PAM, disse que "essa é uma nova prova de que o dramático aumento nos preços das commodities alimentícias está exercendo impacto direto sobre a vida dos famintos".
Henk-Jan Brinkman, um dos autores do relatório, disse que os volumes de commodities agrícolas que podiam ser comprados caíram com a alta dos preços, porque a maioria das organizações de assistência alimentar tem orçamentos fixos.
O aumento dos custos atingiu de forma especialmente severa as operações de assistência alimentar de organizações não governamentais, com redução de volume da ordem de 19% no ano passado. Organizações multilaterais, como o PAM, sofreram queda de 14%, enquanto a assistência bilateral entre os governos caiu 13%.

Folha de São Paulo, 10/06/08.

 

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