No terceiro dia do julgamento do caso Luiz Carlos, o júri acompanhou o depoimento do último réu a ser ouvido. Em seguida, foi a vez das testemunhas de acusação.
Hoje pela manhã (27), terceiro dia do julgamento do caso Luiz Carlos, o júri acompanhou o depoimento do encarregado da segurança da Usina Santa Teresa, na época, Sylvio Cláudio Coutinho Frota. Sylvio foi o último dos réus a ser ouvido no julgamento.
Apesar de não estar presente na Usina Santa Tereza no momento do crime, o réu afirmou que desde a noite anterior ao fato, foi organizada uma estratégia de segurança, entre os vigilantes e em conjunto com a Polícia Militar, para inibir qualquer manifestação por parte dos trabalhadores grevistas, pois já existiam rumores de que os canavieiros se mobilizariam.
Ainda de acordo com o réu, as armas utilizadas na ação pelos vigilantes eram espingardas calibre 12 simples e que todas foram entregues à justiça para perícia, na época. Entretanto, alguns depoimentos feitos anteriormente no julgamento, inclusive, por alguns dos acusados, descreveram os tiros de acordo com o desempenho de uma espingarda de repetição. Segundo o assistente de acusação, Gilberto Marques Melo, até mesmo as declarações feitas ainda em 1998 já apontavam que as armas entregues para a perícia seriam falsas.
Na ocasião, o promotor de justiça, André Rabelo, alertou para o fato de que as armas entregues, em 1998, para a perícia, deveriam estar presentes no julgamento, entretanto não foram encontradas pelo oficial de justiça que se deslocou para o Fórum de Goiana para buscá-las. De acordo com a juíza, o oficial encontrou apenas as foices e facões utilizados como instrumento de trabalho por alguns canavieiros que saíram do corte de cana para aderir à greve, na ocasião da manifestação. Até o momento, não foram localizadas as armas utilizadas no assassinato.
Após as declarações de Sylvio, o julgamento seguiu na parte da tarde com os depoimentos das testemunhas de acusação, João Martins Salustiano, presidente do sindicato dos Trabalhadores rurais de Goiana e José Mendes, também sindicalista. De acordo com Salustiano, os trabalhadores que não aderiram a greve estavam sofrendo pressões por parte da Usina. Salustiano afirmou também que os grevistas, quando estavam a caminho do canavial, ficaram cercados por dois bloqueios estrategicamente montados pelos vigilantes e policia militar, no momento em que começaram os disparos.
O terceiro dia do julgamento teve fim no final da tarde e as demais testemunhas serão ouvidas amanhã, dia 28, a partir das 9h. Segundo a juíza, a previsão é que o julgamento se estenda até a noite do sábado, dia 29, quando sairá a sentença dos acusados.
Comunicação CPT NE2