Em 8 de março de 1857, centenas de mulheres, operárias de uma fábrica de tecidos na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, realizaram uma greve para protestar contra as péssimas condições de trabalho que tinham e reivindicaram:
- A redução da jornada de trabalho
- Igualdade salarial, pois recebiam menos de um terço do salário dos homens
- O fim da demissão das operárias grávidas
A situação delas era tão grave, pois aquelas que continuavam trabalhando grávidas chegavam a ter os filhos dentro da fábrica. Muitas mulheres não atingiam 30 anos de idade, pois a situação trabalho, que era muito precária, gerava doenças, como a tuberculose. Durante o protesto, foram reprimidas pela polícia e trancadas dentro do local onde houve um incêndio, provocado pelos policiais e patrão. As 129 mulheres morreram dentro da fábrica.
Em 1975, a data 8 de março tornou-se o dia internacional da mulher, como forma de relembrar as 129 mulheres brutalmente assassinadas por lutarem por seus direitos e por melhores condições de trabalho e vida. São históricas as lutas das mulheres pela igualdade de gênero, pela participação nas decisões políticas e por uma sociedade justa. Milhares de mulheres deram a vida contra a exploração e violência imposta por esta sociedade capitalista e machista em que vivemos. E foram elas, trabalhadoras urbanas e rurais, as responsáveis por muitas conquistas que temos hoje. Entretanto, temos ainda muito o que conquistar. As mulheres da Via Campesina, em solidariedade com a luta de companheiras do mundo todo, se manifestam contra todas as formas de violência e exploração que dominam hoje no nosso país.
Acreditamos na construção de uma nova sociedade, na igualdade de gênero, baseada na solidariedade entre os povos, no respeito com as várias etnias, religião, cultura e na cooperação para a preservação das nossas riquezas naturais. Somos solidárias com a luta das mulheres trabalhadoras urbanas e rurais. Mulheres que lutam em devesa da vida e contra todas as formas de exploração.
As mulheres da Via Campesina e o dia 08 de março
As mulheres camponesas nos últimos anos vêm mostrando seu poder de luta no debate das questões políticas que envolvem o seu dia-a-dia, a exemplo disso temos a participação das mulheres nas diversas jornadas de luta dos Movimentos do Campo.
As mulheres são protagonistas na defesa da soberania alimentar, da agricultura camponesa como alternativa ao agronegócio, da semente crioula em contraposição as sementes transgênicas , enfim, na defesa da dignidade na vida do campo. As mulheres da Via Campesina vêm marcando também o oito de março com lutas importantes que estão marcando a história do nosso país. Foi assim em 2006 com a ocupação da Aracruz Celulose, quando as mulheres denunciaram ao Brasil as pesquisas ilegais de multuinacionais que estão interessadas e acabar com a nossa agricultura, secar nossos rios e diminuir nossos postos de trabalho.
As mulheres da via continuam na luta denunciando a Aracruz, a Syngenta, a Bounge, a Monsanto, a Avipe e tantas outras indústrias e associações de empresários que investem contra a reforma agrária, contra a agricultura camponesa e contra a soberania alimentar.
O campo brasileiro para que e para quem?
Hoje o campo tem se tornado um território cada vez mais dominado pelas grandes empresas do agronegócio que tentam impedir a Reforma Agrária, destruindo as riquezas nacionais para ter lucro, sem pensar nas pessoas e no meio ambiente. Em alguns lugares como no Espírito Santo o agronegócio se apropria das terras para plantar eucalipto, no Mato Grosso para produzir soja e em todo o nordeste, seja no Sertão ou na Zona da Mata, expulsa o povo de suas terras para plantar cana.
Muda o produto, mas em todos os lugares o resultado é o mesmo: muito lucro para as empresas e para o povo o que aumenta é a pobreza, a violência contra os camponeses e camponesas e a destruição do meio ambiente.
A mulher e o Agronegócio Onde avança o agronegócio as mulheres deixam de ser agricultoras, muitas se tornam domésticas ou são contratadas pelas empresas para fazerem os piores serviços e receberem os menores salários.
A terra deve ser espaço de trabalho, de vida, de produção de alimentos. Não espaço de produção de negócios, lucro e destruição.
Precisamos lutar contra o capital e construir um outro estilo de vida para a população urbana e rural, nesse sentido a aliança campo-cidade, em especial das mulheres é fundamental.
Este modelo de desenvolvimento onde predomina o lucro, a concentração de terra e a monocultura não servem para nós. É contra ele que temos que lutar e juntar forças sejam no campo, fortalecendo a Via Campesina ou na cidade com as mulheres urbanas. Tendo claro que o nosso projeto é aquele que traz comida para a mesa do povo, que combate o latifúndio e tem com princípio a dignidade e a melhoria da qualidade de vida.
“Pra mudar a sociedade do jeito que a gente quer Participando sem medo de ser mulher”
Fonte: Textos extraídos da cartilha "O dia internacional de luta das mulheres" produzida pela Via Campesina PE.