Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Compartilhar conhecimentos e experiências para fazer, cada vez mais, florescer a agricultura camponesa. Com esse objetivo, cerca de quarenta camponeses e camponesas de comunidades acompanhadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Zona da Mata de Pernambuco e no Oeste do Rio Grande do Norte participaram, nos dias 25 e 26 de março, de um intercâmbio sobre produção agroecológica e mecanização da agricultura camponesa.

Setor de comunicação da CPT NE2

Imagens: Carlos Felix/CPT

Ao longo dos dois dias de encontro, as famílias trocaram saberes, compartilharam experiências e identificaram similaridades em suas lutas, mesmo inseridas em contextos geográficos diferentes. No primeiro dia, as famílias de Pernambuco conheceram as práticas agroecológicas desenvolvidas pelos agricultores e agricultoras do Assentamento Terra de Esperança, no município de Governador Dix-Sept Rosado (RN). Entre as iniciativas visitadas, destacaram-se os roçados de algodão em consórcio agroecológico, os quintais produtivos, o fogão ecológico e as máquinas de confecção de tela de arame para criação de animais. Os participantes também discutiram o manejo da produção agroecológica e compartilharam experiências sobre tecnologias sociais que podem ser adaptadas à realidade da Zona da Mata de Pernambuco.

No segundo dia, os agricultores e agricultoras tiveram a oportunidade de conhecer, testar e operar os maquinários que estão no Centro de Testagem da Mecanização da Agricultura Camponesa, localizado em Apodi (RN). “Os agricultores e agricultoras ficaram com olhos de esperança quando conheceram os maquinários. Eles e elas se sentiram com mais importância e, com o intercâmbio, aumentaram a sua vontade de buscar conhecimento e aprendizados”, comentou Carlos Felix, jovem e agente pastoral da CPT. As máquinas em teste chegaram ao Brasil por meio de um acordo entre o governo federal e o governo chinês, com apoio da Universidade Agrícola da China. A iniciativa busca ampliar o acesso à mecanização adequada à realidade da agricultura camponesa, especialmente no Nordeste, onde os índices de mecanização são baixos.

Outro momento de destaque foi o encontro das mulheres camponesas, que aproveitaram a ocasião para se reunir e debater os desafios e a luta pelo acesso à terra, pela agroecologia e contra o machismo e o patriarcado. Hilberlândia Andrade, agente pastoral da CPT no Rio Grande do Norte, ressaltou que o momento foi muito participativo.  “Foi um espaço importante para discutir a organização das mulheres nos grupos, sua presença nas diretorias das associações e sua participação ativa na luta pela terra”, afirmou.

O intercâmbio foi pensado como mais uma estratégia para fortalecer a luta camponesa pela terra, sobretudo por meio da agroecologia e da mecanização da agricultura camponesa. A iniciativa também buscou conectar famílias camponesas de diferentes estados, evidenciando os desafios comuns enfrentados diante do avanço de grandes empreendimentos que ameaçam suas vidas, terras e territórios. No Oeste do Rio Grande do Norte, as comunidades lidam com os impactos das grandes empresas de fruticultura irrigada voltada para a exportação, que monopolizam recursos hídricos, concentram terras e causam contaminação por agrotóxicos. Já na Zona da Mata de Pernambuco, os agricultores e agricultoras enfrentam os impactos da pecuária e do histórico monocultivo da cana-de-açúcar, cujos impactos são semelhantes aos enfrentados pelas famílias potiguares.

Para Dryele Maria, da comunidade Dom Helder, em Aliança (PE), a experiência foi muito importante. “Aprendi muito sobre as variedades do algodão consorciado e agroecológico. Foi importante ouvir os relatos das mulheres agricultoras e conhecer plantas que eu achava que não tinham serventia, mas que possuem grande potencial. Também fiquei impressionada com os maquinários. Seria bom que viessem máquinas como aquelas, que eu nem sabia que existiam, para as nossas comunidades, pois o trabalho na enxada é muito penoso”, afirmou. 

Vinícius José, agricultor da comunidade São Bento, na Mata Norte de Pernambuco, reconhece as diferenças entre as regiões, mas destaca o valor da troca de experiência para o fortalecimento da agricultura camponesa e agroecológica. “É uma realidade diferente da nossa, mas foi muito importante. Levaremos grandes aprendizados e vamos tentar aplicar e ajustar em nossas comunidades. Foi muito importante conhecer outras camponesas e camponeses que estão lutando pela agricultura camponesa sustentável, que é a agroecologia. Foi maravilhoso”, enfatizou.

 

 

 

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