Camponeses e camponesas de comunidades acompanhadas pela CPT na Zona da Mata de Pernambuco e no Oeste do Rio Grande do Norte participarão de um intercâmbio para trocar experiências sobre produção agroecológica e mecanização da agricultura camponesa nos próximos dias 25 e 26 de março. O objetivo do encontro é ser um espaço de fortalecimento da luta camponesa em defesa da terra, dos territórios e da produção agroecológica e aprofundar o debate e a formação sobre a mecanização na produção agroecológica.
Setor de comunicação da CPT NE2
A proposta do encontro é também conectar famílias camponesas que, apesar de viverem em estados diferentes, enfrentam os mesmos problemas e desafios impostos por grandes empreendimentos que ameaçam suas terras, territórios e produção agroecológica. No Oeste do Rio Grande do Norte, a luta das comunidades se concentra no enfrentamento a grandes empresas da fruticultura irrigada voltada para a exportação e que causam uma série de danos aos territórios camponeses, como concentração da água, da terra e contaminação por agrotóxicos. Já na Zona da Mata de Pernambuco, as famílias lidam historicamente com os danos causados pelo monocultivo da cana-de-açúcar e, mais recentemente, com o avanço da pecuária, cujos impactos se assemelham aos impactos sofridos pelas famílias do estado potiguar.
Durante a atividade, as famílias de Pernambuco conhecerão as práticas agroecológicas realizadas pelos agricultores e agricultoras do assentamento Terra de Esperança, situado no município de Governador Dix-Sept Rosado (RN). Entre as iniciativas, destacam-se os roçados de algodão em consórcio agroecológico, os quintais produtivos, o fogão ecológico e as máquinas de confecção de tela de arame para criação de animais. Além da troca de experiências no assentamento, os/as participantes terão a oportunidade de visitar o Centro de Testagem da Mecanização da Agricultura Camponesa, localizado em Apodi (RN), onde poderão conhecer e testar maquinários apropriados à realidade da agricultura camponesa. As máquinas, que estão em fase de testes, chegaram ao Brasil por meio de um acordo entre o governo federal e o governo chinês, com apoio da Universidade Agrícola da China. A iniciativa busca expandir o acesso a tecnologias apropriadas para a agricultura camponesa, especialmente no Nordeste, onde o índice de mecanização agrícola ainda é muito baixo.
Para a equipe da CPT em Mossoró, anfitriã da atividade, "a discussão em torno da mecanização na agricultura camponesa é agroecológica é muito importante porque demonstra que existem possibilidades reais para reduzir o trabalho penoso com maquinários desenhados especialmente para ela. Isso anima as famílias agricultoras, e especialmente a juventude, a fortalecer cada vez mais a produção de alimentos no campo, sobretudo por meio da agroecologia".