Em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2023, série divulgará ações camponesas no combate à fome a partir da agroecologia e cuidado com a casa comum
Assessoria de Comunicação da CPT
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) anuncia, neste domingo (19), a abertura da série “Fraternidade sem fome - Pão na mesa e justiça social”. De março até dezembro, a Pastoral divulgará periodicamente em seus meios de comunicação experiências de povos e comunidades camponesas de todo o país, as quais revelam que o combate à fome passa pela Reforma Agrária, pela demarcação de territórios tradicionais e pela valorização da agricultura camponesa. A iniciativa é inspirada no tema da Campanha da Fraternidade de 2023 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): “Fraternidade e fome”, e no seu lema: "Dai-lhes vós mesmos de comer (Mt 14.16)”.
A série abordará histórias como a de famílias que lutam para cultivar alimentos mesmo diante da mira da violência no campo e das ameaças de morte; de comunidades e povos que praticam a agroecologia e o cuidado com a Casa Comum como modo de vida e resistência; de agricultores e agricultoras que, na luta ou conquista da Reforma Agrária, estão na terra partilhando alimentos saudáveis com quem sente fome, entre tantos outros exemplos de solidariedade.
Ao ser anunciada hoje, a iniciativa também faz referência ao Dia de São José, que marca o início do plantio de diversas lavouras em algumas regiões do país; noutras, o início da colheita. É nesse período que famílias camponesas do Nordeste festejam as chuvas e plantam o milho com a fé de uma boa colheita. A data, símbolo da esperança por mesa farta e prato cheio, ganha uma importância ainda maior num contexto em que a fome volta a flagelar milhões de brasileiros e brasileiras.
De acordo com dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), existem 33,1 milhões de pessoas em situação de fome no país. Ao mesmo tempo em que essa parcela da população brasileira vive na carestia, sem acesso ao direito humano à alimentação, o agronegócio bate recordes de lucro e de expansão. O setor encerrou o ano de 2022 com exportações de US$159,1 bilhões, ultrapassando em 32% o desempenho registrado em 2021, segundo dados do governo federal compilados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Alicerçado no monocultivo para exportação, na concentração de terras, no uso de agrotóxicos e na apropriação de bens naturais, o agronegócio é responsável por afetar diretamente a soberania e a segurança alimentar e nutricional da população. Na contramão desse cenário, povos e comunidades camponesas de todo o país estão construindo caminhos para garantir pão em todas as mesas, produzindo alimentos saudáveis e diversificados e com respeito à Casa Comum. Para o presidente da CPT e bispo de Itacoatiara (AM), Dom José Ionilton, “são ações assim que possibilitam que quem está com fome possa comer, e comer alimentos de qualidade”.