Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Dias de encontros, reflexões, partilhas e orações alinhados ao ministério da Eucaristia, pautado nas lutas das pastorais sociais e em especial a luta dos povos do campo, das florestas e das águas. Com o tema “Pão em todas as mesas” e lema “Repartiam o pão com alegria e não havia necessitados entre eles” (At 2,46), as Pastorais Sociais e Organismos que fortalecem a presença da Igreja no Brasil por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Cepast-CNBB), estiveram presentes no o 18º Congresso Eucarístico Nacional (CEN), entre os dias 11 e 15 de novembro de 2022, na Arquidiocese de Olinda e Recife (PE).

O espaço da exposição foi fundamental para as entidades que compõem a Articulação das Pastorais do Campo para divulgar as ações e as construções coletivas para o caminho do bem viver dos povos. A participação no Congresso Eucarístico reforçou a visibilidade do trabalho caritativo e sociotransformador da Igreja Católica no Brasil.

As pastorais do campo, que junto às demais pastorais socais que promovem o diálogo da Igreja com a sociedade a serviço da justiça e dignidade, nestes últimos anos desempenharam ações essenciais no país, que atravessa dificuldades socioeconômicas e políticas. Nestes dias de exposições e atividades, as entidades apresentaram suas ações, articulações e campanhas que ampliam o compromisso social da igreja para os mais pobres e vítimas das violações de direitos.

“Eu sendo voluntário da Cáritas Brasileira, vendo aqui neste espaço todos estes segmentos da nossa Igreja Católica reunidos em um só lugar, com a proposta de apresentar esta Eucaristia de forma concreta, é muito especial. Às vezes os nossos fiéis não conseguem visualizar a dimensão e este momento é de total visibilidade para o nosso povo”, disse Ângelo Soares, visivelmente emocionado no momento da abertura da exposição dos stands.

Durante a abertura da exposição das Pastorais Sociais, dom José Luiz Ferreira Salles, bispo de Pesqueira (PE) e presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes, dom José Ionilton de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara (AM) e presidente da Comissão da Pastoral da Terra (CPT) e dom Reginaldo Andrietta, bispo de Jales (SP) e presidente da Pastoral Operária, todos membros da Cepast-CNBB, evidenciaram o espaço para as pastorais como parte do congresso. “A Eucaristia é celebrada em cada ação que mulheres e homens realizam nas pastorais em todo o país. É o serviço do Lava-pés para os mais empobrecidos que esperam por uma igreja mais samaritana e uma igreja em saída, profética pela justiça e construção de um mundo mais justo”, disse dom José Luiz Salles.

No stand da Cepast-CNBB os agentes das pastorais marcaram a presença das pastorais sobre o mapa do Brasil que ficou exposto, possibilitando a todos perceberem a dimensão dos serviços de pastoral realizadoa em todo o país. Dom José Ionilton, ao participar da dinâmica, falou que as ações das pastorais são pela valorização da vida, por justiça, defesa dos direitos que precisa ser mantido e conquistado, e principalmente na defesa da terra e do bem viver dos povos.

Exposição e atividades das Pastorais do Campo

Vários stands ocuparam um espaço aberto do Centro de Convenções de Pernambuco (CECON-PE), em Olinda, que reuniu as delegações das pastorais e organismos de todo o país com exposição das ações através panfletos, fotografias, audiovisual, oficinas e rodas de conversas. 

A Comissão da Pastoral da Terra (CPT), que integra a Articulação das Pastorais do Campo, realizou atividades e apresentou a Campanha Contra a Violência no Campo, que conta com o apoio de mais de 60 instituições. “A campanha é uma voz profética e não podemos calar essa voz. A apresentação da Campanha neste 18º Congresso Eucarístico, nós queremos envolver as comunidades com ações para que as pessoas, vítimas das violações de direitos possam ser ouvidas e que haja justiça”, disse dom José Ionilton de Oliveira, presidente CPT.

“Nós aproveitamos este momento do 18º Congresso Eucarístico para ampliar essa discussão junto às pastorais e outros organismos e discutimos o enraizamento da Campanha Contra a Violência no Campo e como a Igreja pode contribuir com a realização da campanha para envolver a sociedade”, reforçou a coordenadora nacional da CPT, Andreia Silvério.

Carlos Lima, que também coordena a Comissão da Pastoral da Terra, reforçou a participação das pastorais do campo no 18º Congresso Eucarístico. Para ele o espaço foi importante e reflexivo com o tema que dialoga com as pastorais sociais, em especial com os povos do campo, das florestas e das águas que se produz o alimento.

A oportunidade também foi importante para a Cáritas Brasileira, que celebrou 66 anos de ações e solidariedade transformadora. Fundada em 12 de novembro de 1956, com origem nas ações de Dom Helder Câmara no combate à fome, à pobreza, à miséria e às injustiças, o Regional Nordeste 2 partilhou dos momentos de apoio nos anos mais severos da pandemia e reafirmou o compromisso junto aos povos e comunidades tradicionais.

“Esse momento de visibilidade das ações das igrejas, engrandece a missão e anima os voluntários da Cáritas. Cada pastoral presente aqui carrega o mais importante símbolo que é a luta pela justiça e igualdade”,  ressaltou Ângelo Soares, voluntário da Cáritas.

O Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) enalteceu o espaço das pastorais. Embalados pelo tema “Pão em todas as mesas”, Laurineide Santana, que atua na CPP de Pernambuco, considera um sinal positivo. “Estar aqui hoje é a forma da igreja dizer que também ouve o grito das pescadoras e pescadores, dos indígenas, quilombolas e camponeses. Esse grito que perpassa em todas as dimensões da igreja para alertar a sociedade que é preciso lutar contra esse mundo mercadológico que ameaça toda a forma de vida”. No Conselho Pastoral dos Pescadores. os agentes apresentaram ações desenvolvidas divulgaram campanhas e relatórios dos conflitos socioambientais e violações de direitos humanos em comunidades tradicionais.  

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que dividiu stand com a CPT, expôs os cinquenta anos da entidade, a trajetória de lutas pelos direitos dos povos indígenas.  “O congresso Eucarístico trás as pastorais do campo para o centro das discussões a exemplo dos povos indígenas e aqui estamos dando visibilidade ao trabalho missionário com os indígenas. O CIMI nasceu em 1972 como filho do Concílio Vaticano II que foi o momento que a igreja deu uma abertura maior às questões sociais, em especial aqui no Brasil. Nós trabalhamos com a teologia da diversidade que respeita a cultura dos povos indígenas e tem sua raiz na igreja católica. Pão em todas as mesas significa ter a terra demarcada e o território como espaço sagrado”, destacou a missionária Alcilene Bezerra.

O Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) presente na exposição, reforçou a importância por Terra, Teto e Trabalho. Com demonstrações de sementes crioulas, ações transformadoras junto aos povos tradicionais, o agente da SPM, Domingos Lima Santos, diz que a exposição é capaz de mostrar o corpo da igreja católica brasileira. “Este momento é forte porque aqui estamos falando do corpo de Jesus, é a eucaristia nas ações humanas, Jesus exposto aos pobres. Não podemos perder a nossa esperança principalmente neste momento que vivemos diversas violações de direitos, temos que construir um novo projeto com a cultura de paz, sem fome com teto e terra para todas e todos”.

O Congresso Eucarístico é realizado pela igreja católica em todo o mundo. No Brasil o primeiro congresso foi realizado em 1933, na cidade de Salvador (BA), e tem como objetivo acolher os testemunhos de fé em Jesus Eucarístico. Esta é a primeira vez que as pastorais sociais participam do Congresso. Frei Olavo Dotto, assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lembra que é preciso fazer memória ao convite da Arquidiocese de Recife e Olinda que propuseram a importância da participação no 18º Congresso Eucarístico. Frei Dotto considera que foram momentos que se faz história e o tema “Pão em todas as mesas” é o trabalho cotidiano das pastorais sociais no Brasil que diariamente leva o trabalho de base na busca pela dignidade humana.

A participação das Pastorais Sociais no congresso animou as comissões a pensar na participação no próximo congresso que seja além da exposição e atividades, a ideia é que seja também um espaço na participação da programação oficial do congresso. O tema “Pão em todas as mesas” propôs várias discussões nos simpósios teológicos de catequese e celebrações. “Isso fortalece todas as ações das pastorais e creio que essa proposta que o tema nos provocou trará muitos frutos para a nossa igreja brasileira. Esse espaço que vivenciamos aqui precisa ser reafirmado e precisamos ser presença em outros eventos como este, que a nossa igreja realiza em nossas dioceses, arquidioceses e eventos regionais e nacionais, este é o caminho.” Enfatizou Dom José Ionilton de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara (AM).

 

Por Cláudia Pereira - Assessoria de Comunicação da Articulação das Pastorais do Campo

Fotos: Cláudia Pereira  | Articulação das Pastorais do Campo
            Osnilda Lima | Comunicação Pastorais Sociais CNBB

 

 

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