As imagens de satélite registram que este terço do território nacional, antes ocupado por florestas, savanas e outras formações de vegetação, agora é usado pela agropecuária. De 1985 até o ano passado, a terra coberta por vegetação nativa caiu de 76% para 66%.
O MapBiomas chama a atenção, ainda, para a redução da superfície de água. Nos últimos 30 anos, essa área no Brasil diminuiu em 17,1%. Mais do que serem dois fenômenos simultâneos, o desmatamento e a diminuição das águas se retroalimentam. A seca atinge especialmente o Pantanal, cujas águas dependem da umidade gerada pela evapotranspiração das árvores da Amazônia.
Laerte Ferreira é professor da Universidade Federal de Goiás e coordenador da Equipe de Mapeamento de Pastagem e do GT Solos do Mapbiomas. “Apesar de 72% da área de expansão da agricultura ter ocorrido sobre terras já antropizadas, principalmente pastagens”, diz ele, “é importante ressaltar que 28% da mudança para lavoura temporária se deu sobre desmatamento e conversão direta de vegetação nativa”. De 1985 para cá, as áreas de pastagem avançaram sobre 42,2 milhões de hectares e, de agricultura, sobre 43,6 milhões.
“Os satélites nos ajudam a revelar os desafios de como expandir a agropecuária sem desmatamento, como proteger os recursos hídricos e como ocupações urbanas podem ser mais seguras e menos desiguais”, opina Julia Shimbo, coordenadora científica do MapBiomas.
Mais do que fotografar a devastação ambiental brasileira, as imagens registram também as áreas em que ela é impedida de acontecer. Na floresta amazônica, por exemplo, é evidente que a porção em que o bioma está preservado é a do corredor de Terras Indígenas (TI) entre o sul do Pará e o norte do Mato Grosso.
De acordo com o MapBiomas, neste mesmo período de 1985 a 2021, a perda de vegetação nativa em territórios indígenas na Amazônia foi de apenas 0,8%. Já nas áreas da região que não tem essa proteção, o desmatamento foi de 21,5%.
Para Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, “esta tendência de rápidas transformações representa grandes desafios para que o país possa se desenvolver e ocupar o território com sustentabilidade e prosperidade”. É preciso, defende Azevedo, compatibilizar a ocupação do solo e a produção rural “com a conservação dos biomas”.
Fonte: Brasil de Fato
Edição: Vivian Virissimo