RECIFE - Cerca de 700 famílias ligadas à Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Pernambuco (Fetraf-PE) ocuparam, nesta terça-feira, 1, sete propriedades na zona da mata, agreste e sertão do Estado. Desde abril foram 16 ocupações realizadas sob o comando do movimento.
Segundo o líder do movimento, João Santos, as ocupações visam a pressionar o governo Lula a acelerar desapropriações e representam um protesto pela falta de reforma agrária e de políticas públicas para áreas de assentamento como crédito, habitação e assistência técnica. Santos frisa que somente em Pernambuco existem cerca de 300 mil famílias sem-terra. "A reforma agrária precisa atingir todas as famílias de trabalhadores rurais que se amontoam nas periferias das cidades sem ter de onde tirar seu sustento", defende.
"Esta situação termina contribuindo para o desequilíbrio sócio-econômico do País", observa. Ao mesmo tempo - segundo ele - o trabalhador é penalizado na medida em que se não se promove a agricultura familiar.
Desde o mês passado, ao iniciar as invasões de terra dentro da jornada do "abril vermelho", João Santos destacava a necessidade de o presidente Lula incluir a reforma agrária no propalado Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). "Um real crescimento começa no campo, com reforma agrária", prega ele.
As áreas ocupadas são o engenho Rio Branco, em Quipapá, e a Fazenda Camurizinho, em Água Preta, na zona da mata; as fazendas Riacho de Mel, em Panelas, Várzea Grande, em Gravatá, e Trancado, e Caruaru, no agreste; e as propriedades Barra da Ribeira e Mata Escura, ambas no município de Águas Belas, no sertão. Na avaliação de João Santos, todas elas improdutivas. Em Pernambuco, a Fetraf comanda 93 acampamentos (incluindo as ocupações recentes) e 32 assentamentos.
Fonte: O Estado de São Paulo
Publicado: 01/05
Angela Lacerda