Os representantes dos movimentos sociais, dentre o Fórum de Mulheres de Pernambuco, a Conlutas, a Unidade Coletivo Sindical, o MST e o MTL, partirão em dois ônibus, às 20h sexta-feira, para os assentamentos do Engenho Prado para fazer uma vigília. No sábado pela manhã, os visitantes farão, junto aos demais moradores dos assentamentos, uma caminhada até a feira da cidade de Araçoiaba. O intuito da caminhada é proteger os trabalhadores e trabalhadoras rurais, já que os dois agricultores assassinados, José João Gomes da Silva Filho . o Zé Graviola, e Severino Guilherme Lúcio da Silva, o Biu Jacaré, estavam justamente neste caminho, levando produtos para feira, quando foram executados. Ainda durante a caminhada e na feira os manifestantes distribuirão panfletos denunciando a violência no local.
Até agora não se tem nenhuma resposta, por parte da polícia, de quem tenha cometido os crimes ou de suspeitos. As mortes, uma no dia 23 de junho e outra no dia 13 de julho, continuam sem respostas. No entanto, as famílias dos assentamentos já denunciaram, por diversas vezes, a presença de carros e motos desconhecidos rondando a área.
Na última sexta-feira, 20, o Secretário de Defesa Social do Governo do Estado esteve no local para apresentar às 160 famílias que moram nos três assentamentos do Prado o delegado especial, João Gaspar, que foi designado para apurar o caso. Os assassinatos também já foram denunciados à Ouvidoria Agrária Nacional, que entrou em contato com a Comissão Pastoral da Terra para saber detalhes do ocorrido e comunicar que também irá apurar o caso.
Histórico da área
A área conhecida como Engenho Prado compreende as comunidades de Taquara, Chico Mendes I e Chico Mendes II, onde moram, há nove anos, 160 famílias. A disputa pelas terras da Usina Santa Teresa, que pertence ao Grupo João Santos, teve início no ano de 1997 e perdurou por oito anos, quando, em 23 de novembro de 2005, o Incra foi imitido na posse do imóvel e o mesmo foi destinado ao assentamento das famílias que ali já produziam e moravam.
Mesmo com as terras da Usina sem cumprir a sua função social a mais de 30 anos, a batalha judicial foi longa e bastante sofrida para os sem-terra. O poder do Grupo João Santos protelou por anos a imissão de posse dos engenhos, que teve a reintegração autorizada pela justiça duas vezes, uma ainda em 1997 e a outra em 2003. Nestes oito anos, as famílias foram vítimas de três violentos despejos e inúmeros constrangimentos por parte da polícia militar e de capangas ligados aos proprietários da Usina.
Crianças revistadas nas escolas, águas envenenadas, casas destruídas e muita pressão psicológica deram dimensão ao caso e fizerem desta área um dos grandes símbolos da luta pela reforma agrária no estado de Pernambuco.
Contatos:
Plácido Júnior – Comissão Pastoral da Terra 81 8893 4175
Vera Guedes – SOS Corpo – 81 96414696 / 30872086