Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Organizações e movimentos sociais estão somando esforços para debater modelos de energia e definir estratégias conjuntas para a descentralização da produção energética com vistas ao fortalecimento da autonomia de comunidades e povos no Nordeste. Uma das iniciativas realizadas com esse objetivo foi o Seminário virtual “Transição Energética Justa e Popular para o Nordeste da gente”, realizado nos dias 08 e 15 de maio.

No primeiro dia do evento, 8, foram apresentados dados que indicam a viabilidade da descentralização e diversificação da produção energética no país. As informações, apresentadas pela Frente Por Uma Nova Política Energética para o Brasil, foram reforçadas pela partilha de várias experiências exitosas já em curso. No segundo dia de debate, 15, os/as participantes discutiram sobre como os biomas nordestinos estão sendo impactados pela indústria energética. Na ocasião, foram levantas preocupações acerca da ampliação do aquecimento global, das violações de direitos humanos promovidas por empresas do ramo, das novas grilagens de terras por meio de arrendamentos, da redução das áreas de produção de alimentos, entre outros impactos elencados pelos/as participantes. 

Energia para a Vida - Em contraposição aos efeitos negativos da produção centralizada de energia, o que se observa é que o Bioma Caatinga vem acolhendo experiências concretas de transição com respeito ao meio ambiente e em convivência com o Semiárido. São alguns exemplos já em andamento: biodigestores, fogões ecológicos, placas solares descentralizadas, produção agroecológica e mudança de hábitos alimentares com substituição dos ultraprocessados por alimentos naturais. Assim como essas, há diversas outras iniciativas sendo realizadas por povos e comunidades do Nordeste, mas segundo as organizações sociais presentes no Seminário, ainda será longa a luta para a implementação ampliada de modelos energéticos descentralizados. “Ainda falta muito, inclusive falta democratizar a terra e o país, falta tornar a democracia participativa. Precisamos buscar com as comunidades as potencialidades locais, respeitando as culturas e os modos de vida, além de responder as necessidades de jovens, mulheres e crianças que habitam o Nordeste. Precisamos pensar a energia para a vida e não para o PIB; a energia para a vida e não para manter o modelo produtivista explorador”, explica a agente pastoral da CPT na Paraíba, Vanúbia Martins. A Pastoral contribuiu com o Seminário partilhando também suas experiências enquanto integrante de articulações contra os danos causados por parques eólicos e por usinas nucleares.

O Seminário contou com a participação de 50 pessoas, entre representantes de organizações sociais, pesquisadores e pesquisadoras, além de interessados e interessadas pelo tema.  O Seminário foi organizado pelo Projeto Cuidando da Nossa Casa Comum, pelo Comitê de Energia Renovável do Semiárido (CERSA), pelo Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS), pela Frente Por Uma Nova Política Energética Para o Brasil e pela Cáritas Brasileira. A iniciativa contou com o apoio e a solidariedade internacional da Misereor.

 

 

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