Ontem, a comunidade de pescadores do Poço do Jatobá, em Abreu e Lima, se surpreendeu com a cor do rio. Uma amostra da água coletada por eles, no início da tarde de ontem, apresentava uma coloração avermelhada. O vermelho não era do sangue dos peixes mortos mas, segundo eles, da poluição. Olhando para as águas do rio o que se via era um grande lençol negro. Preocupados com o fim da única fonte de renda, eles pediram ontem uma audiência pública junto ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para cobrar providências das fontes poluidoras: as indústrias instaladas ao longo do rio e o esgoto doméstico despejado pela Compesa.
O pescador Fernando José Hilário, 35 anos, depois de 12 horas seguidas de pesca, voltou com a rede carregada de peixes mortos pela poluição. "Esses peixes não servem para o consumo. A gente precisa ir cada vez mais longe para conseguir trazer alguma coisa para comer", denunciou. Fernando é um dos 800 pescadores da comunidade que dependem da pesca do rio para sobreviver.
O Timbó banha ainda os municípios de Paulista e Igarassu, onde também há comunidades pesqueiras. A poluição também afetou a cata dos mariscos, atividade quase exclusiva das mulheres locais. Além da escassez do marisco, elas reclamam de problemas de saúde, devido à água poluída. "Eu peguei um germe nas partes íntimas e não posso mais entrar no rio. A médica proibiu. Outras mulheres também adoeceram", revelou Patrícia Rodrgues da Silva, 34, mãe de cinco filhos.
De acordo com o presidente da Associação dos Pescadores de Jatobá, Manoel Vicente Rodrigues, o problema já foi denunciado à Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos (CPRH). "A CPRH já tem laudos da situação do rio, mas não faz nada para impedir o despejo de produtos químicos", criticou. A Assessoria de imprensa da CPRH informou que hoje uma equipe irá ao local conferir a denúncia dos pescadores.
Fonte: Diario de Pernambuco Publicado em: 10/07/2007