Prisão teve cunho político, afirma Jaime Amorim
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“Não fui eu que estive preso. Minha prisão foi uma tentativa de criminalização de todos os movimentos sociais que lutam pela Reforma Agrária em Pernambuco”, afirmou Jaime Amorim, integrante da coordenação nacional do MST, em entrevista coletiva concedida logo após deixar o COTEL (Centro de Observação Criminal e Triagem Profº Everardo Luna ), onde esteve preso desde o último dia 21. Amorim foi libertado ontem após o Superior Tribunal de Justiça ter concedido liminar de habeas corpus alegando a ilegalidade de sua prisão preventiva.
Para o Sem Terra, os objetivos políticos por trás de sua prisão não foram alcançados. “Minha prisão foi de cunho político, com o claro objetivo de desmoralizar e isolar o MST, criminalizando ainda mais os movimentos sociais que lutam pela Reforma Agrária. Mas o tiro saiu pela culatra. Recebemos inúmeras manifestações de apoio de todo o Brasil e também de diversas partes do mundo, em especial de cidadãos estadunidenses. Esse apoio nos mostra que a sociedade está cada vez mais se apropriando da luta pela Reforma Agrária e se convencendo de que enquanto houver latifúndio, haverá violência e exclusão social”, afirmou.
Amorim pontuou o momento difícil que o Movimento está vivendo em Pernambuco com a pouca ação do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o acirramento do processo de criminalização dos movimentos sociais. Segundo ele, a prioridade do Movimento nesse momento é a soltura dos companheiros presos em Sertânia e a punição dos culpados pelos assassinatos de Josias e Samuel, mortos no último dia 20. “Josias era uma pessoa que a sociedade leva anos para formar”, disse.
Ele teve a prisão preventiva decretada por dano ao patrimônio público e incitação ao crime durante uma manifestação em frente à embaixada dos Estados Unidos no Recife, em novembro do ano passado. Para ele, o fato do mandato de prisão ter sido expedido no dia 04 de julho, dia da independência dos Estados Unidos, não foi coincidência, mas demonstra a histórica subserviência das elites e do governo brasileiro aos interesses estadunidenses. “O MST não deixará de se solidarizar com as lutas internacionais e com os povos oprimidos do mundo. A solidariedade é um legado que aprendemos com a história”, acredita Amorim.
O Sem Terra continuará respondendo a processo no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A sentença pelo habeas corpus é em caráter liminar, até ser julgado o mérito no TJPE.
Fonte: MST
Publicada em: 29/08/2006