Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O projeto Feira Camponesa celebrou 15 anos em 2019 e a versão itinerante atingiu sua primeira década. Para marcar esse momento, a Comissão Pastoral da Terra de Alagoas (CPT/AL) produziu dois relatórios em formato de livro apresentando como as feiras têm contribuído com as famílias camponesas e a sociedade de forma geral.



As feiras estimulam o trabalho dos camponeses e camponesas, como também, para proporcionam à população a experiência de sentir o campo na cidade, tendo contato direto com os produtores, acesso a alimentos saudáveis, sem agrotóxicos e, ao mesmo tempo, compreendendo o respeito que o meio ambiente necessita.

O relatório da 30ª e 31ª Feira Camponesa apresenta a articulação e capacitação para realização dessas edições, os 10 mandamentos da Feira Camponesa, montagem e estrutura, abertura, produtos comercializados, os shows, a gastronomia e as novidades. A publicação contém, ainda, depoimentos de feirantes e do público, os materiais de divulgação, fotografias e clipping de notícias das atividades.

Em sua conclusão, o relatório informa que as feiras são um espaço de resistência ao êxodo rural. Isso fica claro a partir dos depoimentos que apontam que a Feira como um dos poucos meios de escoar a produção dos acampamentos e assentamentos de luta pela terra e para vender os alimentos a um preço justo. "Os feirantes têm a compreensão de que sem as feiras é muito mais difícil resistir no campo, porque os atravessadores levam com seus alimentos todo o lucro e o que resta é insuficiente ao sustento da família", afirma o documento.

"De um lado, as famílias camponesas sabem que precisam de mais feiras para comercializar a produção e ter condições de se manter no campo; do outro lado, os frequentadores do espaço mostram-se cientes de que ali é uma das poucas oportunidades de comprar alimentos sem veneno e, ainda, de apoiar uma causa social", informa o relatório das 30ª e 31ª Feira Camponesa.


Já o relatório do projeto Feira Camponesa Itinerante tem como destaque a importância das feiras livres nos bairros diante do boom de agrotóxicos liberados pelo governo de Jair Bolsonaro durante o ano de 2019. A liberação de agrotóxicos pelo primeiro ano de governo do presidente, até o final do mês de novembro de 2019, chegou a 467, o maior número da série histórica desde 2005, segundo monitoramento da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

O documento da Feira Itinerante aborda o desafio de produzir alimentos agroecológicos num país onde é crescente o adoecimento da população devido à frequente utilização de produtos químicos cujo risco e periculosidade toxicológica são reconhecidos no resto do mundo. O agronegócio produz em grande escala com muito veneno, enquanto os feirantes lutam para plantar, colher e repartir alimentos saudáveis. Ainda assim, a Feira Camponesa oferece preços compatíveis com aqueles praticados nos supermercados.

O trabalhador rural André Gomes Batista, do assentamento Todos os Santos, situado no município de Água Branca, contou que mantém o mesmo valor dos produtos na capital e no interior. “Eu vendo por R$15, seja aqui ou na minha cidade. Lá já tem pessoas vendendo a garrafa por R$20, mas eu continuo vendendo por R$15”, disse André. Nos supermercados, uma bisnaga de 250g de mel industrializado custa em média R$15, isto é, o quádruplo do valor do mel orgânico disponível na feira.

Em 2019, cinco edições itinerantes foram realizadas em Maceió, sendo quatro no bairro da Serraria e uma no Pinheiro - área com comércio local prejudicado pelo risco de desastre ambiental.



Os relatórios estão disponíveis para visualização e download:
Relatório 2019 30ª e 31ª Feira Camponesa [Clique aqui]
Relatório 2019 Feira Camponesa Itinerante [Clique aqui]


Lara Tapety

Ascom - CPT/AL

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Rua Esperanto, 490, Ilha do Leite, CEP: 50070-390 – RECIFE – PE

Fone: (81) 3231-4445 E-mail: cpt@cptne2.org.br