A Camponesa Iolanda de Oliveira Monteiro, 46, vive em uma parcela de 2 hectares e meio, localizada no assentamento acompanhado pela Comissão Pastoral Terra denominado Capim de Cheiro, em Caaporã/PB. É neste espaço que a agricultora coloca em prática diversas experiências de produção camponesa, com inúmeros desafios, “mas também com muita criatividade”, ressalta. Foi o conjunto destas iniciativas que lhe rendeu o prêmio Banco do Nordeste da Agricultura Familiar, entregue nessa última quarta-feira, 28/08, na cidade de João Pessoa/PB. O prêmio, que está em sua 5ª edição, é destinado a experiências apoiadas pelo Banco do Nordeste (BNB) que são consideradas referências para agricultura familiar e camponesa.
Em sua parcela, a trabalhadora rural possui mais de 30 espécies de fruteiras, além de plantação de inhame, batata-doce, milho, feijão verde e macaxeira. 70% da produção de Iolanda vai para a sua cozinha, primeira do estado a receber uma unidade de beneficiamento com o apoio do BNB, por meio do PRONAF A, em 2015. Lá, a agricultora faz vários tipos de bolos, doces, pães, biscoitos, pamonhas, canjicas e outras delícias. A produção beneficiada é comercializada em feiras agroecológicas existentes no município, no seu entorno e também na capital paraibana. Além da cozinha apropriada para o beneficiamento da produção, Iolanda possui também em sua parcela placas solares e cisterna de placas.
A agricultora ressalta que é uma satisfação muito grande ser reconhecida por sua produção, mas afirma que “antes da premiação, a luta pela terra é mais importante que tudo, porque se não fosse a Reforma Agrária eu jamais teria condições de receber esta premiação”. Iolanda também ressalta que produzir alimentos saudáveis no Brasil não é fácil. “São muitos os desafios enfrentados. O agrotóxico é um dos principais. Lutamos e conquistamos a terra. Pensamos em fazer um trabalho digno e limpo, que valorize a vida e a saúde das pessoas, mas temos um governo que liberou cerca de 300 novos agrotóxicos só este ano. Isso é querer matar a população, pois agrotóxico é veneno, e veneno mata”, enfatiza.
Mas, apesar dos desafios, a agricultora dá um recado para animar as famílias camponesas do país que produzem alimentos saudáveis: “para os agricultores e agricultas que estão no dia a dia produzindo, colhendo e levando os alimentos saudáveis para a mesa da população, eu digo: tenham força e disposição. Não se deixem entristecer por esta situação atual que o país enfrenta, pois nós somos responsáveis por mais de 70% da alimentação do nosso povo e temos que levantar a cabeça e seguir caminhando. Nós temos vida e temos força pra botar esse país pra funcionar”.
Por CPT NE 2