Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O anúncio de boas novas para agricultores familiares atendem reivindicações importantes, mas militantes da Pastoral da Juventude Rural (PJR) querem mais. Eles pedem mudanças mais profundas para alterar o status quo. BRASÍLIA - Três anúncios foram recebidos como promessa de boa colheita por trabalhadores rurais na semana passada. Foram definidas as regras para o auxílio governamental na formação de estoques no âmbito do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Agora, cada organização de pequenos produtores terá como obter até R$ 1,5 milhão para custear a estocagem da produção por um período de até 12 meses e cada produtor, individualmente, poderá acessar até R$ 2,5 mil anuais para o mesmo fim. Foi editada ainda medida provisória com suplementação orçamentária de R$ 507 milhões para a reforma agrária. A meta do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é assentar 155 mil famílias em 2006. Em adição, a Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional (Losan) – que estabelece a relação entre garantia de direitos alimentares, programas sociais e incentivo à produção local - foi aprovada, na última quarta-feira (2), pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal. A matéria foi encaminhada para a Comissão de Direitos Humanos e, se aprovada novamente, segue para apreciação no plenário e, depois, vai à sanção presidencial. As medidas atendem a reivindicações de entidades camponesas, mas não tocam em pontos essenciais na opinião de jovens que escolheram viver no campo. Um grupo da Pastoral da Juventude Rural (PJR) foi recebido, há duas semanas, pelo presidente Lula no Palácio do Planalto para pedir maior apoio governamental nas áreas de crédito para a produção, educação, cultura e lazer, mas principalmente para manifestar o desejo de construção de um “projeto popular” para o País. “Apesar de todos os avanços que o governo Lula trouxe, como tirar muita gente da pobreza extrema e abrir mais oportunidades para jovens que desejam ingressar no ensino superior (por meio do ProUni) é preciso ir além e romper com essa política econômica para sobrar dinheiro para investir no que há de mais precioso no Brasil, que é seu povo”, defende Maciel Cover, de 22 anos, liderança da PJR, que realizou o seu segundo congresso nacional, reunindo cerca de 1,5 mil jovens de diversas regiões do País na capital federal. Os militantes da PJR solicitaram incrementos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familia (Pronaf) Jovem que, segundo eles, ainda tem alcance limitado. As condições de acesso também continuam complicadas por causa burocracia dos bancos, acrescentam os militantes. No que se refere à educação, os jovens pedem a criação de programas de atendimento universal no campo para além do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). O principal objetivo do encontro, porém, foi colocar o jovem como “protagonista da construção de idéias”. De acordo com Cover, as reivindicações imediatas não estão desvinculadas do questionamento do status quo. “A Vale do Rio Doce e as outras empresas privatizadas por FHC devem ser recuperadas pelo Estado Brasileiro (leia artigo de Mauro Santayana sobre o assunto)e a reforma agrária precisa ser feita. É fundamental parar com o agronegócio, investir na agricultura camponesa, parar de dar dinheiro para multinacionais e investir no povo, em emprego, em microempresas”. João Pedro Stédile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), compareceu ao evento da PJR. Em sua palestra, Stédile definiu o momento atual como um período de refluxo dos movimentos de massa e que, por isso, o principal desafio para a juventude consiste na formação de quadros para quando houver uma nova ascensão popular. Os jovens da PJR – que existe desde 1983 e está presente em 18 estados brasileiros - também participaram de ato – junto com participantes do Fórum Nacional de Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA) - no Ministério da Agricultura para protestar contra a política de incentivo ao agronegócio que determina o modelo de desenvolvimento rural que beneficia fazendeiros e contribui para o ajuste fiscal da União, mas tem perpetuado a devastação ambiental e graves problemas sociais no campo. Durante o protesto, um caixão que simbolizava o agronegócio foi queimado, em pleno Dia do Agricultor (25 de julho). Cover assim justificou a atitude dos jovens camponeses. “O agronegócio produz muito, mas não traz benefícios para a população brasileira. Só tem utilidade para pagar juros da dívida externa. Quem produz alimentos para o povo são as famílias de pequenos agricultores”. Fonte: Agência Carta Maior Maiana Diniz - Carta Maior

 

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