Aconteceu na última terça-feira, 28 de agosto, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Campus Sertão, em Delmiro Gouveia-AL, o lançamento do Caderno de Conflitos no Campo no Brasil 2017, elaborado anualmente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). No mesmo evento, foi lançado o livro “Águas para Que(m)? Um debate importante sobre o tema”, de autoria de Anderson Camargo.
Camponeses do Acampamento São Francisco marcam presença. |
A CPT/AL foi representada pela coordenadora Heloísa do Amaral, que compareceu com camponeses do Acampamento São Francisco. Também estiveram presentes o professor Claudemir Martins, autor do artigo desta 33ª edição do relatório intitulado: "Luta camponesa, indígena e quilombola face a barbárie do agronegócio no Brasil: a contrarreforma agrária se aprofunda em tempos-espaços de golpe!"; Anderson Camargo, autor do livro lançado na ocasião e doutorando na UFPE; Janmisson Silva, do MST; e Mardônio Alves da Graça, coordenador executivo da Cooperativa dos Bancos Comunitários de Sementes - Coppabacs.
Entre os dados mencionados, Heloísa citou que 71 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo em 2017 (dado atualizado após divulgação em abril, quando chegou a informação de uma morte em Anapu), o que faz do Brasil o país mais violento para as populações camponesas no mundo, de acordo com a CPT.
Heloísa Muniz do Amaral apresenta o Caderno de Conflitos no Campo 2017 |
O relatório de 2017 tem como destaque esse número de assassinatos, que é o maior dos últimos 14 anos. “Foram 10 assassinatos no campo a mais que no ano anterior, quando foram registrados 61 assassinatos. 31 destes assassinatos ocorreram em 5 massacres, o que corresponde a 44% do total. Além do aumento no número de mortes, houve aumento em outras violências. Tentativas de assassinatos subiram 63% e ameaças de morte 13%”, aponta a CPT.
Segundo Claudemir, no encontro, estudantes, camponeses, professores, lideranças de organizações e movimentos do campo discutiram a escalada da violência em tempos-espaços de golpe no ano de 2017. O país que nunca efetivou a reforma agrária, pelo contrário, sempre as forças da contra-reforma impediram a desconcentração fundiária. Os presentes debateram a conjuntura nacional e a necessidade da saída pela esquerda, com outro projeto para o campo, onde a reforma agrária seja uma das centralidades.
“Toda a sociedade e não apenas os indígenas, quilombolas e o campesinato devem abraçar essa luta. Luta pela terra e pela água. Luta pela agricultura camponesa e agroecológica. Luta por alimentos sadios. Luta pela vida. Luta pela democracia. Luta contra o agronegócio que mata, envenena, concentra terra e reproduz poder, miséria e riqueza nas mãos de poucos”, disse Claudemir em seu relato.
Estudantes, camponeses, professores e movimentos campesinos participam do evento. |
A atividade foi organizada pelo OBELUTTE, Grupo de Estudos e Pesquisa em Análise Regional - Gepar e pelo Grupo de Pesquisa sobre Gênero, Trabalho e Territóriosm - Genttes.