Em todos os estados onde o MST está organizado foram realizadas atividades em prédios públicos, marchas, ocupações de terra ou ações diretas contra os inimigos das trabalhadoras. Com essa adesão massiva de acampadas e assentadas por todo país, a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra sinaliza a disposição das trabalhadoras em assumir o comando do enfrentamento aos retrocessos impostos pelo capital e pelo golpe.
O dia “D” da Jornada, este 8 de março, atingiu em cheio o núcleo político do golpe parlamentar-midiático, o partido que orienta a burguesia: Organizações Globo. Cerca de 800 mulheres de diversas organizações populares ocuparam o parque gráfico do jornal O Globo, no Rio de Janeiro, para denunciar a participação dos veículos do grupo Marinho na elaboração e execução do golpe de 2016 e na legitimação de seu programa neoliberal.
Além desta, tiveram destaque outras ações de denúncia ao golpe e de combate às violências impostas pelo capitalismo no campo.
Na terça-feira (7), 350 famílias ocuparam a fazenda Esmeralda, ligada a Michel Temer através de esquema de corrupção delatado em investigações do Ministério Público. No início da semana, mil mulheres tambpem ocuparam uma fábrica e uma fazenda pertecentes à Suzano Papel e Celulose, reivindicando a realização da Reforma Agrária.
Segundo Ester Hoffmann, da direção nacional do MST, a jornada das mulheres desse ano traz um carater de luta pela democracia. “As mulheres denunciam através das mobilizações o momento de golpe no Brasil, que tem gerado perda de direitos e rompimento democrático, trazendo piores condições de vida para os pobres e, sobretudo, para as mulheres”, explica a trabalhadora.
#8McontraGlobo
O Movimento de mulheres ocupou o jornal dos Marinho porque, para elas, a Globo é um dos pilares do golpe. Trata-se de uma empresa particular, capitalista, que possui interesses contrários aos dos trabalhadores. Ferrenha defensora da reforma trabalhista e da reforma da previdência, não tem compromisso com a democracia (vide participação em golpes anteiores e no atual) e com a liberdade de expressão, alegam.
“A ação realizada no O Globo traz presente a revolta das mulheres trabalhadoras com essa empresa que manipula a população brasileira”, condena Ester. “A Globo tem cumprido papel fundamental na defesa do golpe e da interveção militar no RJ. Tem interesses claros com isso, de defender os interesses dos ricos e contra nós trabalhadoras e trabalhadores”, avalia.
Desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (8), a mobilização das mulheres ganhou também as redes. Por mais de quatro horas, a hashtag #8McontraGlobo se manteve entre os assuntos mais comentados da rede social Twitter, com adesão de mais de 5 mil postagens.
Mobilizações em todo território nacional
As mulheres organizaram ações de diálogo com a sociedade ou de enfrentamento a governos e aos projetos do agrohidronegócio no campo em todos os 24 estados onde o MST se faz presente. Aconteceram atividades em Assembleias Legislativas de pelo menos cinco estados, debatendo as diferentes violências que atingem as mulheres trabalhadoras rurais: Paraná, Goiás, Pará, Tocantins e Maranhão.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi ocupado em Brasília e em quatro capitais: Florianópolis, Curitiba, Maceió e Teresina. Outros órgãos públicos também foram mobilizados, a exemplo de Tribunais de Justiça (em Sergipe e Minas Gerais), superintendências da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e institutos estaduais de terra.
Marchas massivas e ocupações de terra também fizeram parte da tática das mulheres para recolocar o tema da Reforma Agrária na sociedade e cobrar o assentamento das hoje 150 mil famílias acampadas. No Rio Grande do Norte, foi ocupada a fábrica do Grupo Guararapes, ligado à Riachuelo, empresa apoiadora do golpe de 2016. Já no Mato Grosso, o alvo foi a fazenda Entre Rios, conhecida devedora da União.
Confira em imagens como foi o dia de lutas por todo país:
Fonte: Página Eletrônica do MST