Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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A Quaresma continua a mesma e, com as Campanhas da Fraternidade, cada vez melhor. É um tempo que rememora os 40 anos do povo de Israel no deserto, ou 40 dias de Jesus no deserto, ou 40 dias que a Igreja delimitou como anteriores à celebração da Páscoa. Os sinais de “conversão”, no sentido de “rasgar os corações e não as vestes”, são o jejum, a oração e a esmola. Mas, o que importa é a conversão permanente.

 

Entretanto, ao trazer o tema da CF relacionando a fraternidade com o cuidado dos biomas brasileiros, a Igreja fala aos católicos, às outras Igrejas e a todo povo brasileiro. Agora nossa conversão adquire uma terceira dimensão. Se antes era um período de conversão a Deus e aos irmãos, agora inclui o 11º mandamento: cultivar e guardar a criação (Gênesis 2,15).

Bioma vem do grego. Bio é vida. Oma é conjunto, estrutura, etc. Portanto, bioma é um conjunto de vidas que ocupam um determinado espaço, sob um mesmo clima, um solo semelhante e um relevo semelhante. Daí nossos 6 biomas oficiais: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. Para os movimentos sociais os povos que ocupam esses espaços são parte integrante dos biomas.

Para alguns cientistas a zona costeira dos manguezais e restingas deveria ser um bioma especial. Para outros ainda, a zona marinha deveria ser outro bioma. Para Aziz Ab’Saber deveríamos falar em “domínios morfoclimáticos”, incluindo o domínio das araucárias. Porém, oficialmente estamos definidos como 6 biomas.

 

Dessa biota – conjunto de todas as vidas – dependemos para comer, beber, produzir fármacos, essências, ter um clima ameno, e tantos outros serviços ambientais. Lembrando Francisco, tudo está interligado, vivemos numa fraternidade universal, cada criatura tem sua mensagem e precisamos entendê-las e respeitá-las.  

Francisco nos mostra que precisamos de uma conversão ecológica. A Quaresma é um tempo propício. Que saibamos usufruir esse período numa verdadeira conversão ecológica, que exige o reconhecimento e agradecimento ao Criador por tudo que Ele nos deu, a gratidão aos irmãos e irmãs que fazem de sua vida um gesto de cuidado e à toda a criação pela abundância de bens – tão maltratados – que ela nos oferece.

 

 Por Roberto Malvezzi, Gogó - Atua na Comissão Pastoral da Terra (CPT) e no Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) na região do São Francisco. Articulista do Portal EcoDebate, e possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais.

 

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