Durante debate, militantes levantaram os principais desafios enfrentados na luta dos trabalhadores e trabalhadoras pelo mundo.
Rosana Fernandes, da Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, levantou a importância de recuperar a construção teórica feita pela Via Campesina Internacional, principalmente sobre soberania alimentar. “Temos que ter uma produção em equilíbrio com a natureza. Temos experiências na América Latina de produção agroecológica, precisamos manter e ampliar essas experiências”.
*Cristiane Passos
Além disso, a educação no campo, da mesma forma, tem grande importância dentro de um projeto camponês popular. “Essa educação no campo precisa atingir vários níveis de educação. E esses espaços devem, também, ser territórios ideológicos da classe trabalhadora e dos camponeses. Há uma carência mundial na formação de nível ideológico em vários níveis, desde a base até outros quadros e mesmo entre os e as dirigentes... para isso cada organização em cada região do mundo tem o desafio de colocar à serviço, pessoas, dirigentes e quadros que possam ajudar nisso”, analisou Rosana.
Da mesma forma, é necessário avançar na participação das mulheres, da juventude e da diversidade sexual dentro das organizações. Potencializar, também, os instrumentos dos meios de comunicação popular. “Precisamos mostrar na sociedade os nossos projetos. Para duas dimensões principalmente, uma no diálogo com a nossa própria base, e outra dimensão que é o diálogo com a sociedade. Precisamos ganhar corações e mentes”, enfatizou ela.
Da mesma forma, para Rosana, é preciso construir alianças da classe trabalhadora. “Precisamos unificar essa força camponesa, essa força social em torno dos objetivos comuns. Precisamos identificar nossos aliados mais diretos, pensar pautas e lutas unificadas com as classes trabalhadoras urbanas. Precisamos construir uma unidade nisso. Outro desafio é a articulação das lutas em nível mundial, já que nossos inimigos são os mesmos”, concluiu ela.
Abdullah Aysu, da Confederação de Sindicatos Camponeses da Turquia - Çiftçi Sendikaları Konfederasyonu - destacou que à medida que o capitalismo se globalizou, aumentaram os problemas, e a situação ficou cada vez mais complicada. “Aumento dos preços dos alimentos, mudanças climáticas, crise energética, tudo está interligado”.
O líder turco retomou os conflitos no Oriente. A primeira coisa que os EUA fizeram quando invadiram o Iraque foi proibir o uso de sementes nativas. Começaram a impedir o direito dos camponeses de produzirem. “Primeiro foi no Iraque, depois Egito, e agora Síria. Síria é um dos países que tem a maior quantidade de seitas religiosas, e os conflitos são muitos. Os países capitalistas se envolveram nessa crise e nesse processo bélico. Vimos bombardeios em várias regiões. E trabalhar na terra tornou-se impossível, pois destruíram a terra e a envenenaram”, disse Aysu. Outro desafio levantado por ele é o constante processo migratório na região, já que milhões de pessoas saem de suas cidades por causa da guerra, e uma das entradas para a União Européia é pela Turquia. Porém, o país fez um acordo com a União Européia para impedir a entrada desses refugiados na região.
Abdullah concluiu que mesmo diante dos desafios e dificuldades, as organizações continuam lutando contra o capitalismo e contra a exploração dos povos por ele.
Sofia Monsalve, da Fian Internacional, retomou a importância da união das lutas em nível internacional, e destacou que é preciso lutar contra a privatização dos direitos e pela soberania dos povos em todo o mundo.
*Assessora de Comunicação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – coletivo de comunicação da Conferência Internacional da Reforma Agrária.
*Foto Cristiane Passos