Moção de solidariedade aos movimentos sociais do campo de Alagoas
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Nós, participantes da Assembléia regional da CPT NE, com representação dos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, expressamos nossa solidariedade aos trabalhadores que ocuparam a fazenda do deputado Olavo Calheiros em Alagoas, no dia 24 de julho de 2007 Além da ocupação, houve uma marcha dos trabalhadores sem terra, no dia 25 – dia do Trabalhador Rural - pelas ruas de Murici e um ato em frente a prefeitura e o cartório.
A manifestação representou uma forma de protesto contra a grilagem de terra, uma prática ilegal, mas ainda vigente e comum no Brasil. A conivência com a grilagem de terras reforça outras formas de corrupção e abuso de poder.
O protesto unificado dos movimentos sociais rurais de Alagoas (CPT, MST, MLST e MTL) foi muito importante, pois resultou em uma investigação judicial do cartório suspeito de ter falsificado documentos de posse de terras para beneficiar grandes fazendeiros, inclusive a família Calheiros. Porém, as oligarquias alagoanas reagiram. Trabalhadores presentes na ocupação identificaram a presença de pistoleiros no local.
Diante da não realização da reforma agrária—que representa uma demanda histórica da sociedade brasileira—os movimentos sociais utilizam formas legítimas de luta, como única alternativa contra a corrupção e violência praticada pelas oligarquias rurais.
A Assembléia denuncia a repressão a estes movimentos e seu temor de que haja uma reação violenta por parte dos latifundiários denunciados no protesto, inclusive com a utilização da pistolagem. Após a intervenção no cartório, há fortes indícios na região de planos de assassinato de lideranças dos movimentos sociais rurais. Exigimos, portanto, que todas as ameaças e formas de repressão sejam investigadas e que o poder público garanta os direitos democráticos de manifestação das organizações sociais.
Expressamos todo nosso apoio à equipe da CPT de Alagoas, para que continue firme na sua missão, em conjunto com outros movimentos, pelo direito à terra e por justiça social.
“Eu quero, isto sim: é ver brotar o direito como água e correr a justiça como riacho que não seca.” (Amós 5:24).
Garanhuns, 3 de agosto de 2007