Empurrados pelos exemplos de Memória e Rebeldia, vistos nos primeiros dias do IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), camponeses e camponesas, indígenas, quilombolas e agentes pastorais demonstraram na manhã desta quinta-feira (16) os diversos sinais de Esperança presentes na luta dos povos da terra e das águas.
(Equipe de Comunicação João Zinclar - IV Congresso Nacional da CPT
Imagem: Douglas Mansur)
Em uma espontânea e harmoniosa sintonia, os conteúdos dos grupos das sete tendas se complementaram nas apresentações. Com muita força, destacou-se como principais sinais de esperança a valorização da força das mulheres, a capacidade dos jovens e crianças, o reconhecimento dos saberes milenares, a certeza de que agroecologia e sementes crioulas são ferramentas para a resistência das comunidades, entre outros elementos.
O grupo da Tenda Rio Machado disse acreditar que “formação, conquista, trabalho de base, organização, comunidades tradicionais, reserva extrativista, resistência, persistência, defesa dos povos das florestas, fraternidade e ocupação” são importantes símbolos de esperança no campo.
Em um momento místico, o Credo das Sementes foi rezado pelos integrantes da Tenda Rio Madeira: “Creio na semente criada por Deus e guardada por camponeses em todo o mundo [...] creio na semente plantada na terra livre de transgênicos e agrotóxicos [...] creio nas crianças que são sementes humanas de um futuro melhor”.
Mas no fim, quem emocionou e surpreendeu a Plenária foram três crianças, que fazem parte dos “Amiguinhos do Cerrado”, experiência também apresentada ontem. Um dos pequenos, vestido de onça pintada, correu em meio aos congressistas, subiu ao palco, urrou, engatinhou... demonstrou toda energia digna do felino. Outras duas crianças leram um cartinha feita por elas próprias, clamando pela preservação do Cerrado:
“Somos os Amiguinhos do Cerrado. Somos frutos desta terra tão querida. Estou aqui para pedir à população que preserve nosso Cerrado. O Cerrado grita por socorro! Até quando o Cerrado vai aguentar tanta maldade? Tanta destruição? Se não cuidarmos agora, no futuro tudo será um grande deserto.
Cadê a onça pintada? O lobo guará? A arara azul? Quase não vejo mais tamanduá. E a ema, as seriemas? Será que eles só vão aparecer nas fotos antigas? Somos crianças e ainda temos muito que viver. Mas o que a humanidade está deixando para nós? Neste congresso queremos pedir: ajude a nós, os Amiguinhos do Cerrado, a defender e preservar nosso Cerrado!”.