Um dos momentos mais significativos dos Congressos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) é a Celebração dos Mártires, quando os participantes fazem a memória daqueles e daquelas que tombaram na luta.
(Equipe de Comunicação João Zinclar - IV Congresso Nacional da CPT
Imagem: Joka Madruga)
Na noite de hoje (16), os quase mil participantes do IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) irão para as margens do Rio Madeira, na Comunidade Santo Antônio, em Porto Velho (RO), fazendo a memória daqueles e daquelas que tiveram suas vidas ceifadas pela violência no campo brasileiro. A Celebração dos Mártires terá início às 18h00, no cemitério da Comunidade. Após um momento de reflexão e animação dos congressistas, que seguirão em caminhada em direção à Igreja de Santo Antônio.
Essa Celebração é aberta a toda a população de Porto Velho (RO).
Após atravessar a estrada de ferro abandonada Madeira-Mamoré, os congressistas e demais participantes da Celebração serão chamados a contemplar o rio Madeira e ouvir as histórias de alguns desses lutadores e lutadoras que doaram suas vidas pela causa do povo da terra, das águas e das florestas.
Estarão presentes na grande celebração os bispos Dom Enemésio Lazzaris, de Balsas (MA) e presidente da CPT; Dom André de Witte, de Ruy Barbosa (MA), vice presidente da CPT e Dom Benedito Araujo, bispo de Guajará Mirim e administrador apostólico da diocese de Porto Velho (RO), Dom Nicolau, da Igreja Ortodoxa Grega de São Paulo, entre outros religiosos e representantes de várias Igrejas.
Uma história de violência
Historicamente a ocupação da terra no Brasil foi sempre acompanhada de grande violência contra as comunidades estabelecidas e contra os que apoiaram a luta dos trabalhadores em defesa de seus direitos e de seus territórios.
Este ano marca o 30º aniversário do assassinato do Pe. Ezequiel Ramin, morto por apoiar as lutas dos trabalhadores em Rondônia e o 20º do Massacre de Corumbiara, que vitimou nove trabalhadores, inclusive uma menina de sete anos, na fazenda Santa Elina, também em Rondônia.
São, também, dez anos do assassinato de Irmã Dorothy Stang, religiosa norte-americana, assassinada em Anapu (PA), por defender os PDS, Projetos de Desenvolvimento Sustentável, em que se aliava a produção camponesa com a defesa do meio ambiente; 30 anos do assassinato do sindicalista Nativo da Natividade, em Carmo do Rio Verde (GO), morto por liderar os trabalhadores que se contrapunham à tentativa de expulsão da terra por parte dos fazendeiros, e de João Canuto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria (PA). Os filhos de Canuto foram assassinados cinco anos depois, em 1990. A Celebração dos Mártires irá lembrar esses e tantos outros lutadores e lutadoras que deram a vida na defesa do direito da terra para todos e todas.
Nos últimos 30 anos, o Centro de Documentação da CPT Dom Tomás Balduino, que publica desde 1985, anualmente, o relatório Conflitos no Campo Brasil, registrou 29.609 ocorrências de conflitos em que houve assassinato de 1.612 trabalhadores e trabalhadoras, lideranças, apoiadores da luta e comunidades tradicionais.
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