Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O papa Francisco reuniu, no Vaticano, diversos expoentes de peso de diferentes religiões (muçulmanos, judeus, hindus, budistas) e de outras confissões cristãs (começando pelo arcebispo de Canterbury, Justin Welby, e pelo patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu, que esteve presente graças às novas tecnologias) para assinar uma declaração conjunta contra a “moderna escravidão”, representada pela prostituição, o trabalho forçado e o tráfico de órgãos.

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Fonte: http://goo.gl/C5g0yc

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 02-12-2014. A tradução é do Cepat.

O fenômeno, segundo dados da Walt Free Foundation, atinge cerca de 36 milhões de seres humanos de todo o planeta. Segundo os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), os lucros por esta exploração são de 150 bilhões de dólares ao ano.

“Declaramos em nome de todos e de cada um de nossos credos que a escravidão moderna, em termo de tráfico de pessoas, trabalho forçado, prostituição, exploração de órgãos, é um crime contra a humanidade. Suas vítimas são de todas as condições, mas na maioria das vezes são os mais pobres e vulneráveis de nossos irmãos e irmãs”, disse o Papa Francisco, no discurso que pronunciou na Casina Pio V, sede das Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais, conduzidas pelo argentino dom Marcelo Sánchez Sorondo. “A exploração física, econômica, sexual e psicológica de homens, mulheres, meninos e meninas, atualmente leva dezenas de milhares de pessoas à desumanização e à humilhação”, continuou Bergoglio. E insistiu em que “cada ser humano, homem, mulher, menino, menina é uma imagem de Deus, Deus é amor e liberdade que se doa em relações interpessoais, assim cada ser humano é uma pessoa livre destinada a existir para o bem dos outros, em igualdade e fraternidade.

“Cada uma, e todas as pessoas, são iguais e é necessário reconhecer-lhes a mesma liberdade e a mesma dignidade”. A escravidão moderna, disse o Papa, está presente em grande escala em todo o mundo, inclusive sob formas como a do turismo, e deve preocupar todas as “pessoas de fé e seus líderes, aos Governos, às empresas, a todos os homens e mulheres de boa vontade, para que ofereçam seu apoio férreo e se somem ao movimento contra a escravidão moderna, em todas suas formas. Sustentados pelos ideais de nossas confissões de fé e nossos valores humanos compartilhados, todos nós podemos e devemos levantar a bandeira dos valores espirituais, o esforço conjunto e a visão libertadora, para erradicar a escravidão de nosso planeta”.

“Peço ao Senhor – disse o Pontífice – que nos conceda a graça de converter a nós mesmos no próximo de cada pessoa, sem exceção, e de oferecer ajuda ativamente a alguém sempre que cruzar nosso caminho, seja um ancião abandonado por todos, um trabalhador injustamente escravizado e desprezado, uma refugiada ou refugiado preso a condições ruins de vida, um jovem ou uma jovem que caminhe pelas ruas do mundo vítima do comércio sexual, um homem ou uma mulher prostituída com falsidades por gente sem temor a Deus, um menino ou uma menina com seus órgãos mutilados que chamam nossas consciências, fazendo eco da voz do Senhor. Asseguro-lhes que cada vez que fizeram isso a um de meus irmãos, fizeram a mim”.

A declaração conjunta colocou como objetivo eliminar para sempre “a escravidão moderna antes de 2020”: “Nós que assinamos estamos reunidos hoje, aqui, em prol de uma iniciativa histórica, que tem como objeto inspirar a todos os credos e as pessoas de boa vontade de todo o mundo a levar adiante ações espirituais como práticas, com a finalidade de chegar ao ano 2020 tendo erradicado as formas modernas de escravidão de uma vez e para sempre, em todo o Planeta. Aos olhos de Deus, cada ser humano, seja menina, menino, mulher ou homem, é uma pessoa livre, e está destinado a existir para o bem de todos, em igualdade e fraternidade. As formas modernas de escravidão, tais como o tráfico de pessoas, o trabalho forçado, a prostituição, o tráfico de órgãos, e toda relação que não respeite a convicção fundamental de que todas as pessoas são iguais e têm a mesma liberdade e a mesma dignidade, constituem um crime grave contra a humanidade”.

É o que diz o texto da declaração conjunta, que foi assinada pelo Papa, pelo primaz anglicano, Justin Welby, pelo representante de Bartolomeu, o metropolita Emmanuel da França, pelo budista venerável Bhikkhuni Thich Nu Chan Khong (da Tailândia) e o venerável Datuk K Sri Dhammaratana (Malásia), pela senhora Mata Amritanandamayi, pelo representante do grande imã de Al-Azhar, Abbas Addalla Abbas Soliman ( do Egito), pelo representante do grande aiatolá Basheer Hussain Al Najafi, Naziyah Razzaq Jaafar, pelo grande aiatolá Mohammad Taqi al-Modarresi e pelo rabino David Rosen (de Jerusalém). Também assinaram os dois amigos argentinos do Papa que o acompanharam à Terra Santa durante a primavera, o rabino Abraham Skorka e o xeique Omar Abboud. O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, enviou uma mensagem de apoio.

 

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