Um documento sobre a realidade das comunidades Quilombolas foi preparado pela Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB.
Na semana passada, a Comissão formada por bispos, padres e antropólogos encerrou o ciclo de reuniões para elaboração do material.
Segundo o presidente da Comissão, dom Guilherme Werlang, o documento projeta a realidade desses povos, ao mesmo tempo, que faz uma proposta.
“A finalidade deste texto é contribuir para a atuação da Igreja frente a realidade das comunidades quilombolas. Valorizando e defendendo seus direitos de vida, cultura, tradições, crenças e tudo aquilo que lhes são próprios”.
Durante o processo de elaboração do documento, foi analisada a realidade da população quilombola, desde o período da escravidão, passando pela abolição e a realidade contemporânea.
“Analisamos a situação do povo negro em nível nacional e pretendemos com o Documento expressar toda a luta pela justiça das comunidades Quilombolas”, analisou dom José Valdeci, bispo da diocese de Brejo (MA).
A equipe está há quase um ano trabalhando na elaboração do conteúdo do documento.
Dom Guilherme explica que o documento está organizado em três linhas gerais, utilizando o método ver-julgar-agir.
Na análise da realidade (o ver) será apresentado o contexto histórico dos negros, sua vinda para o Brasil, o escravismo, as torturas e violências cometidas contra esses povos, a formação dos quilombos e a luta por liberdade.
O segundo item do documento, faz uma análise (o julgar) a partir da “iluminação bíblica e dos Documentos da Igreja em relação a toda situação da escravidão, da liberdade e da igualdade de todas as pessoas independente de etnias, raças e religiões”, descreve dom Guilherme.
Na última parte (o agir) o grupo lançou propostas e encaminhamentos sobre exigências e direitos dos povos quilombolas.
Para o assessor das comunidades remanescentes de quilombos do estado do Pará, Girolamo Domenico Treccani, com o documento, os quilombolas poderão confirmar sua luta por direitos iguais e inclusão social e serem valorizados em sua identidade cultural.
O documento será apresentado na Assembleia Geral dos Bispos que acontece em abril próximo.
Segundo a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), existem no Brasil 1.948 comunidades quilombolas identificadas e reconhecidas pelo Estado. Mas o número pode ser bem maior. A Fundação Palmares, ligada ao Ministério da Cultura, contabiliza 2.002 comunidades já certificadas e ainda tem mais de mil processos em análise no órgão. Estima-se que a população quilombola seja de 1,17 milhão de pessoas.
Fonte: http://www.a12.com/noticias/noticia.asp?ntc=documento_sobre_comunidades_quilombolas_e_preparado_por_comissao_da_cnbb.html