"Aqui, somos todas Apodi”. É com esse slogan que feministas da Marcha Mundial das Mulheres de todo o País vão protestar na próxima segunda-feira, 10, contra o projeto do perímetro irrigado da Chapada do Apodi. Caso seja implementado o “Projeto da Morte”, como está sendo disseminado entre ativistas, as terras produtivas de famílias camponesas serão entregues ao agronegócio.
Para a militante Conceição Dantas, da Marcha Mundial das Mulheres, é preciso barrar esse projeto e impedir que ele seja colocado em prática. “Apodi é um território onde existem várias experiências de convivência com o semiárido. É um local onde a agricultura familiar está dando muito certo, cultivando de maneira limpa e preservando o meio ambiente. Esse projeto vem destruir tudo o que foi construído e conquistado pelas mulheres de famílias agricultoras de Apodi”, comenta.
Inicialmente, 60 famílias serão atingidas e desapropriadas de suas terras, mas esse número pode chegar a 800 famílias que moram nas 30 localidades rurais da região quando o projeto estiver em fase conclusiva. “O projeto está sendo arbitrário, ninguém chegou para essas famílias, que vivem da agricultura, e perguntaram se elas aceitavam entregar as suas terras”, explica a militante Camila Paula.
Na tentativa de amenizar a perda, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), órgão executor do projeto, está realizando um reordenamento agrário das terras em troca de indenização. Para cada 100 hectares estão sendo pagos R$ 1 mil, um valor considerado ínfimo diante das perdas das famílias. “São pessoas que vivem da agricultura e não têm para onde ir ou outra ocupação. A cidade não tem condições de empregar todo mundo. Como essas famílias vão ficar? Tem família que vai receber R$ 7 mil, o que é isso diante do que elas vão perder?”, indaga Camila Paula.